quinta-feira, 26 dezembro, 2024

Black… Tendência ou afirmação?

Não, não me refiro à tática Black bloc, empregada em inúmeras manifestações urbanas ao redor do globo. Me refiro ao “Black Power”, ou melhor, penteado afro, que vem sido usado por vários jogadores da seleção brasileira; e quem vem sendo enfatizado pelos grandes veículos midiáticos.

Pra quem não sabe, o termo “Black Power” refere-se ao movimento que se iniciou na década de  60, espalhando um “renascimento” cultural da comunidade negra dos EUA. Considerado por muitos como movimento de “consciência negra”, o Black Power estimulou a criação de instituições culturais e educacionais independentes para a comunidade negra que duraram até aos anos 70.
Os penteados afro eram a marca de muitos representantes desse movimento, e o termo Black Power acabou que sendo associado ao estilo de penteado.

A Copa das copas, está rolando aí, você sabe; e o que vejo são matérias de grandes tabloides e programas de TV enaltecendo os penteados afro, dos jogadores da seleção brasileira e de outras seleções. Mas parando pra pensar, não é comum vermos tantas pessoas adeptas do penteado afro sendo representadas e vistas nesses veículos de comunicação.

O penteado afro ainda é visto com negatividade por boa parte da população, tendo em muitas das vezes, sua imagem vinculada à moradores de rua, usuários de drogas e bandidos.

Quem não se lembra do caso do ator Vinícius Romão, que foi preso ao ser confundido com um ladrão que usava penteado afro? Quantos casos de preconceito com o penteado afro você já presenciou?

A grande mídia e as classes mais altas querem falar da cultura dos pretos quando é conveniente pra elas falar; para que as classes mais baixas que servem de mão-de-obra e consomem seus produtos possam se sentir representadas e lhes render audiência e homenagem.

Estilo? Beleza? Tendência? Isso é muito bacana, é muito legal ter seu estilo representado.

Mas muito mais que tendência, o penteado afro é uma afirmação. Os cabelos duros, crespos, cacheados, encaracolados, não são bombril, não são ‘ruins’. E enquanto pretos, que lutam contra o racismo, precisamos assumir essa postura e dizer isso ao mundo. Nós não queremos apenas mostrar o quanto somos belos, o quanto nosso cabelo é style, mas queremos sim que igualdade entre as etnias seja real, nas práticas diárias e não algo que apareça nas TVs e nos jornais pra nos satisfazer por um período de tempo e, depois, tudo voltar a ser como era antes.

Boa sexta,

@marcaobaixada

Sobre Marcão Baixada

Rapper, compositor e produtor | Gestor de Conteúdo | Consultor de Comunicação e Plataformas

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