segunda-feira, 30 dezembro, 2024

Encontrando e ocupando o espaço

Na última terça-feira, colei na Casa do Saber Rio na Lagoa, para mais uma edição do Rio de Encontros, onde o tema central foi “Ocupação do Espaço Público, Cultura e Política na Cidade” e para compor a mesa, foram convidados Vitor Pordeus, Pedro Rivera e Beatriz Jaguaribe.

Existe uma crise no modelo de cidade moderna? Essa foi uma das perguntas de provocação para a mesa; e a Beatriz citou que hoje, o Rio passa por uma crise material e um crise sobre o imaginário. Pedro Rivera usou o termo “domesticidade” e concluiu: “As cidades não estão sendo espaços dométiscos, estão sendo domesticadas”.
Existe uma tentativa de homogeneização do espaço que acaba gerando a crise devido às mais diferentes necessidades de cada território. E isso nos leva à expressão “cidade partida” que mostra o quanto a infraestrutura do Rio precisa melhorar em pontos que vão desde o transporte público às condições das nossas estradas, vias expressas e linhas férreas. Além das barreiras físicas enfrentamos também as barreiras mentais, como o medo da violência e a falta da sensação de pertencimento.

Vitor Pordeus reforçou que o espaço público é o inconsciente coletivo e Beatriz complementa que há a necessidade física de estar na multidão. A retomada das ruas, praças e outros espaços pelos movimentos sociais e culturais nos ajuda a pensar em como funciona esse “ritual”, expressão usada constantemente por Vitor para se referir às práticas de ocupação. Ritual esse que ele divide em 3 momentos: Catarse, dialética e êxtase. E defende a “cultura pela cura”: “O espaço público não é pra ser ocupado pela milícia, ou pela polícia ou pelo exército, é pra ser ocupado pela cura”.

Fica claro que o papel da cultura para ocupação do espaço nos leva a enxergar a cidade de outra forma. O fato de nos apropriarmos dos espaços reforça a sensação de pertencimento e nos mostra novos horizontes.

Essa nova fase do Movimento Enraizados, em que nos mudamos para um escritório e nossas ações voltaram a acontecer nas ruas resume bem essa experiência de repensar o espaço, enxergar com outros olhos o bairro de Morro Agudo. O Sarau Poetas Compulsivos ocupando praças e bares deixa bem claro que todo lugar é lugar de cultura, e arte e que podemos construir novos imaginários urbanos.

Sobre Marcão Baixada

Rapper, compositor e produtor | Gestor de Conteúdo | Consultor de Comunicação e Plataformas

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