QUESTÕES DE HIBRIDISMO
(Dumontt no lar, em 14/04/11 às 04:16h)
Ontem aconteceu um fato curioso comigo em sala de aula na Universidade. Estava em uma aula fascinante que geralmente participo bastante. Porém, dessa vez minha participação me deixou bastante triste e melancólico. Minha professora ensinava sobre multiculturalismo quando comentei sobre uma entrevista de uma conhecida acadêmica em um programa de TV no canal Globo News, ela dizia que precisamos, segundo ela, “parar de pensar que todos tem que ir para a Universidade”. Rebati essa afirmação daninha imediatamente no Twitter, colocando em dúvida se essa afirmação servia pro filho dela também ou só para os filhos dos outros.
Impressiona-me como as pessoas repetem frases prontas sem uma análise crítica sobre o que está falando, será que não percebem que estão influenciando outros a fazerem o mesmo? Certas pessoas, dependendo do cargo que ocupam ou de sua posição social, deveriam ter mais cuidado com o que dizem, pois elas podem influenciar muita gente a pensar e dizer coisas que corroboram com a manutenção da manipulação da minoria sobre uma maioria manobrável.
O pior veio logo a seguir, a professora tentou defender o ponto de vista dela, da tal da TV, argumentando que algumas pessoas não conseguiriam escolher entre uma e outra profissão, ou entrariam em uma faculdade por pressão dos pais, ou só deveriam cursar o 3º grau depois que tivesse certeza sobre o que queriam da vida. Eu tive que rebater novamente, embasando minha explanação nos seguintes fatos:
1º O Governo é obrigado a garantir educação para todos, independentemente se a pessoa quer ou não estudar, se ela sabe ou não escolher, se ela é ou não pressionada por quem quer que seja para escolher essa ou aquela carreira. A vaga dela tem que está lá esperando por ela, é direito dela;
2º Quem estaria habilitado a escolher entre esse ou aquele “cidadão” que entraria ou não pra Universidade porque ele sabe ou não o que quer da vida?
Então acabou a aula e aconteceu o pior, aí foi difícil se controlar, um outro colega de classe se juntou a ela pra tentarem me explicar os seus pontos de vistas, mas, quanto mais eles me explicavam, menos eu concordava, não posso aceitar argumentos impregnados de frases de efeitos do tipo:
– Tem pessoas que não escolhem o seu curso, os pais escolhem por ela;
1º As pessoas sempre escolhem as coisas, mesmo que seja fazer a vontade dos pais, essa foi uma escolha da pessoa, e devemos respeitar, ainda que não concordamos:
– Fazer uma faculdade é importante porque vamos sair daqui “uma pessoa melhor”:
2º Um curso não é parâmetro cabível de comparação entre essa ou aquela pessoa ser melhor em relação às outras. Medidas, sejam quais forem, precisam seguir rígidos padrões de qualidade para que não se tenham distorções, nem confusões na sua interpretação, além disso não devem servir para fins outros senão comparar produtos/objetos/serviços equivalentes ou iguais. Medidas não devem ser adotadas para comparar produtos/objetos/serviços diferentes entre si, por exemplo: o que é uma pessoa melhor? Isso pode ser medido? Isso pode ser comparado? Ser melhor significa ter muitas coisas em maior quantidade, ter coisas diferentes em maior quantidade, ter coisas diferentes em maior qualidade, ter a mesma coisa em maior qualidade? O que pode ser considerado maior qualidade? O que um tem pode ser comparável ao do outro, são equivalentes, eqüidistantes, equilibrados, tem alguma relação entre si? É possível mensurar essas diferenças sem colocar o nosso juízo de valor pesando um lado da questão? É possível ter isenção de valores ou de juízo ou de preconceitos ou de rótulos etc? O que podemos chamar de uma pessoa melhor tem a ver com qualidade de vida, quantidade de alguma coisa, comportamento da pessoa em si ou um simples ponto de vista? É justo sobrepor o nosso ponto de vista em relação aos dos outros? E as culturas e as outras áreas do conhecimento humano como seriam medidas?
– A juventude não quer saber de nada:
3º Essa é uma das frases de efeitos que mais me irritam, primeiramente, esse é um discurso de velho, preguiçoso, rabugento, arrogante e soberbo. É do tipo de frase que dá vontade de xingar um palavrão antes de começar a responder. Não existe nenhum embasamento teórico ou prático pra se falar nisso. Já participei de vários congressos de juventudes, participo de uma Organização formada e liderada por jovens, conheço vários grupos juvenis engajados com a cultura, religião, política e até com o academicismo. Baseado em que uma pessoa fala uma coisa dessas? Segundo ele, o meu colega de classe, quem disse não foi ele e sim um amigo que teve uma experiência mal sucedida em uma escola pública. Ou seja, ele sequer assumiu a culpa pela besteira que disse. Falar coisas sem pensar é de uma irresponsabilidade tamanha que pode estragar uma vida, uma carreira ou um pensamento em formação, uma pessoa inexperiente pode se deixar levar pelas palavras malditas de uma criatura despreparada dessas e mudar uma trajetória de vida que poderia ser bem sucedida.
– o mundo não tem jeito, é assim mesmo:
4º A minha explanação nesse caso foi mais contundente ainda, tive que rebater fortemente essas frases feitas, deixando claro que não aceitaria esse tipo de frase como argumento. Minha contra-argumentação foi a seguinte:
Se não tem jeito, então porque deixar herdeiros ou alguma herança?
Se não tem jeito, porque fazer alguma coisa por alguém ou para si mesmo?
Se não tem jeito, porque vivemos?
Se não lutamos por um mundo melhor, se não melhoramos nossa sociedade, então porque deixaremos filhos, pra sofrer num mundo que não gostamos?
Só não sugeri o suicídio pra ele porque amo a vida e tenho senso de responsabilidade sobre o que digo e escrevo.
(Dumontt, enraizando o Universo em 14/04/11 às 05:21h)
“Sem uma análise crítica”Vejo que tais pessoas engajadas em nos fazer regredir,quando estamos convictos no caminho que iremos realmente seguir , e com tais palavras,faz com que todos esses pensamentos,convicçõe de mudança e o sonhos venha se a fundar.
Mas é nessa hora que devemos defender a nossa possição é mostrar que tais palavras “Sem uma análise crítica” Não venha nós abalar.
É isso aí irmão, eu também já repliquei frases feitas de outras pessoas sem antes fazer uma análise crítica, isso geralmente acontece quando a pessoa que nos fala determinada coisa é de nossa confiança ou quem nós amamos. Por isso é necessário não sairmos por aí falando coisas de forma impensada, ainda mais se formos pessoas queridas por muitas outras, esse tipo de atitude pode ser bem daninho.
Obrigado pelo seu comentário. Continue conosco. A luta é de todos nós. Como diz uma música do grupo de rap Costa a Costa: “O problema é seu. O mundo é nosso. Então o que nós vai fazer sócio?”