Ele se iniciou no rap, sendo backing vocal do rapper Fydell, logo após, integrou o BDO MCs, grupo que em pouquíssimo tempo, chamou a atenção do “Hip-Hop Rio”. Se apresentaram na antiga LIBBRA, Hutúz e TV Futura. Hoje, em carreira solo, focado e caminhando, integra o selo “Front Urbano” e prepara o EP intitulado “Escuta Essa Parada”. Lançou uma mini-tape, para divulgar seus singles já lançados, e recentemente, lançou o videoclipe da música “Vamo Q Vamo”. Confira a entrevista com Nyl MC, muita ideia, flow e balanço:
Marcão: Você era fã de hardcore, como se deu o envolvimento com a Cultura Hip-Hop?
Nyl MC: Foi por volta de 2006. Eu ia aos eventos, conhecia bandas da área e internacionais também. Acho a filosofia do HC a síntese da cultura de rua: Faça você mesmo. Mas apesar da filosofia, faltava uma identificação maior nas letras pra mim. Na época, os amigos mais próximos estavam ouvindo bastante rap nacional e fui me interessando pelas músicas do MV Bill, Sabotage e Racionais. Passei a me ver mais nas letras que eles faziam do que com as de outras bandas, como Paura, Confronto e Dead Kennedys, por exemplo. Daí comecei a ir em algumas festas como o Ressaca Hip Hop e Hutúz. E quando me vi, já ouvia Rap todo dia! (risos). Ainda gosto e respeito muita coisa do Rock nacional e internacional, mas confesso que não ouço tanto como antes.
Você, junto com amigos, formou o BDO MCs, em 2007, que chamou bastante atenção no RJ nos anos seguintes. Como foi pra você, integrar um grupo que gerou grande repercussão no cenáro?
Foi sem dúvida um grande aprendizado de vida, de música e de como as coisas funcionam no meio. O meu irmão Léo, que na época era mais conhecido como Pancinha, começou com a ideia. Ele chegou a comentar com o Lennon e o Raul e eles toparam. De primeira eu não queria participar. Por mais que eu gostasse e quisesse, eu não me sentia confiante de estar num palco com o mic na mão e rimando diante das pessoas. Mas ele acreditou no meu potencial, me lembrou que num projeto de banda que tivemos eu tinha feito umas letras. Ter participado como rapper de apoio do Fydell foi um ótimo aprendizado também, principalmente por ter sido antes de eu começar a fazer shows com o BDO. Bons tempos que deixam saudades…
Em 2 anos de caminhada, o BDO MCs se apresentou na TV Brasil, na Liga Brasileira de Basquete de Rua, no Hutúz Rap Festival, Festival Palco Livre, matéria pra TV Futura e destaques em diversos sites. Nos programas de TV, rolou dificuldade de interagir diante das câmeras?
Foi engraçado ver essas coisas acontecerem nos meus 18 anos. Na primeira vez eu estava meio tímido. Estava focado mais em rimar ao vivo do que em falar com o público pela câmera. Como o outro trabalho pra TV foi matéria, então foi mais tranquilo. Até porque, já tínhamos passado por essa experiência.
Quando o grupo encerrou suas atividades, você pensou, em algum momento, em parar, ou já tinha em mente em dar continuidade à sua carreira com o trabalho solo?
Eu não queria que o grupo encerrasse, mas ficou complicado fazer os corres e conciliar com os compromissos dos integrantes. Ainda mais desfalcado, já que o Léo tinha saído pra se dedicar ao Rap Gospel. Vi que pra continuar, teria que ser sozinho e precisei captar forças pra isso. Por mais que eu pensasse em fazer um trabalho solo, seria paralelo ao grupo e não principal. Precisei ter forças pra seguir, ainda mais que o grupo estava começando e tinha acabado de lançar um EP. Amo fazer música e ainda tenho muita coisa pra mostrar e muito mais pra realizar.
E quais são suas influências musicais?
O Rap me ensinou a valorizar ainda mais a música brasileira que eu já escutava em casa, devido a minha família. Meu pai gosta muito de Soul, Disco Music e Charme. Minha mãe já vai mais pro Samba, Pagode e MPB. Dos meus 13 aos 15 anos eu caí mais pro Rock. Quando era mais novo, ouvi muito Claudinho e Buchecha e o Funk daquela época. Cheguei a ir a uns bailes também quando tinha 16 anos. No Rap admiro a caminhada e os trabalhos do MV Bill, Gabriel, o Pensador e Kamau.
Você lançou uma mini-tape, que contém singles seus lançados até agora, e que estarão presentes no seu EP. O que podemos esperar desse trabalho?
A Mini-Tape é um aperitivo para o que ainda está por vir, que é o EP “Escuta essa Parada”. Foi a maneira que encontrei pra divulgar junto os singles já lançados, Fome de Gol e Monumental com o último Vamo Q Vamo. A MiniTape está sendo vendida nos shows e também está disponível pra download. O EP deve estar saindo no início do ano que vem e serve pra marcar o começo dessa caminhada, uma afirmação como artista independente e principalmente mostrar novas opções de Rap pra quem já conhece e pra quem não conhece também. Procuro carregar muita ideia, flow e balanço. São elementos essenciais num Rap pra mim. E quero mostrar o meu jeito de fazer isso, meu olhar sobre o mundo e a vida. Só aguardar que logo, logo vocês poderão escutar essa parada. (risos)
E paralelo aos seus projetos solo, você faz parte do “Projeto Br.Inde”… Fale um pouco desse projeto.
O Projeto Br.Inde é uma iniciativa do grande DJ Row G. A ideia basicamente é juntar uma galera nova, lançar o single de cada um e promover a imagem e o trabalho do grupo/MC. Já teve gente boa sendo lançada e ainda vem muito mais por ai. Row G tem procurado diferenciar no trabalho e fico feliz de fazer parte desse time.
O Projeto “Br.Inde” abriu o show do Emicida, no Viaduto de Madureira, um dos maiores redutos da Black Music e da cultura Hip-Hop no Brasil. Como foi essa experiência?
Sempre é bom poder participar de um evento desse porte em um baile tradicional como é o Viaduto. Curto o trabalho do Emicida também, e ter essa oportunidade de dividir o mesmo palco foi ótimo. Só deu vontade de mostrar mais músicas, mas o cronograma tem que ser respeitado. O mais importante é que estamos trabalhando e a consequência desse trabalho tem acontecido gradativamente..
Recentemente você lançou o videoclipe da canção “Vamo Q Vamo”. Como foi o processo de gravação e quais são as expectativas?
Pra mim, cada trabalho me mostra um ensinamento. Seja sobre música,audiovisual ou até sobre a vida mesmo. E o clip não foi diferente. O trabalho foi realizado pela 7 Filmes, produtora que apoia e acredita no meu trabalho. As filmagens aconteceram em Irajá, Lapa e Santa Tereza. São lugares que combinam com a pegada da música. O clipe é simples e direto como a mensagem da música: estamos focados e caminhando. E a aceitação está sendo muito boa também. Chegamos em 500 visualizações em 1 semana. Pro meu trabalho solo que tem 1 ano acho muito bom. Mas o Hip Hop me ensinou que devemos evoluir diariamente, então quando vir outro trabalho ele terá que ser melhor e com alcance maior.
Assista ao videoclipe da canção “Vamo Q Vamo”:
[yframe url=’http://www.youtube.com/watch?v=OBFgGA2R4IU’]
E quais serão os próximos passos, planos e metas?
Terminar a gravação do EP, elaborar outros trabalhos com a 7 Filmes, tem umas colaborações maneiras pra gravar também que devem sair esse ano ainda e principalmente fazer muitos shows pra poder mostrar o meu som ao vivo e na rua que é a essência da cultura.
Nyl, muito obrigado pela entrevista, gostaria que deixasse uma mensagem aos leitores do Portal.
Só tenho a agradecer a todos que gostam, apoiam, se identificam, escutam, assistem e baixam o trabalho. Sempre quis ter uma banda, mas não aprendi a tocar nenhum instrumento. O Rap me mostrou que eu poderia fazer música e aprender música mesmo sem tocar um instrumento. Amo essa parada! Agradeço também a família Enraizados, que sempre me recebeu muito bem. Evolução diária é a nossa luta. E vamo que vamo que o mundo temos que ganhar né? (risos)
Muito boa a entrevista