quinta-feira, 21 novembro, 2024
Colunista Dudu de Morro Agudo
Colunista Dudu de Morro Agudo

Quando pisar no terreiro procure primeiro saber quem eu sou

Estava pensando sobre um fato interessante para minha coluna de hoje. Sim, vou falar novamente do Sarau Poetas Compulsivos, mas vou linkar com a escola de hip hop Enraizados na Arte, liderança e respeito, muito respeito.

Se tem uma coisa que me deixa puto é gente ingrata e desrespeitosa. Por isso citei uma frase da música “Moleque Atrevido”, do Jorge Aragão, que acho que cai muito bem com o assunto que vou abordar, e espero que vocês comentem.

É o seguinte, quando eu pensei a primeira vez em fazer o Sarau Poetas Compulsivos, nem tinha esse nome. Fui em São Paulo, no Sarau da Cooperifa e fiquei encantado, foi o primeiro Sarau que fui em toda a minha vida, me deu uma vontade absurda de recitar uma poesia, mas o medo foi maior. Depois de muito tempo fui no Sarau Suburbano, e também não recitei. Até que um dia fui convidado a conhecer o Sarau Donana, e finalmente a – minha madrinha – Ivone Landim me chamou para recitar uma poesia, neste dia fui literalmente inserido nos Saraus.

Tempos depois participei de um Sarau em Nancy, na França. Tinha um formato diferenciado, mas era um sarau igual ao nosso, brasileiro. Neste dia decidi que iria fazer um sarau no Enraizados. O nome Poetas Compulsivos é porque eu criei um grupo no facebook com o mesmo nome e lá se reúnem vários poetas para divulgar suas poesias.

Mas antes de eu fazer o sarau, procurei conhecer a história de quem sempre fez poesia na cidade. Pois na escola de hip hop Enraizados na Arte, ensinamos as crianças, antes de tudo, conhecer e respeitar os que vieram antes delas. É ético. Sendo assim, não poderia fazer diferente, conversei com a Ivone Landim, Marcio Rufino, Moduan Matus, Marcelo Peregrino, Antonio Feitosa, Willian, Jorge Cardoso, dentre outros poetas da região. Pedi a benção para fazer o sarau na cidade, pois sem a benção e participação deles, não seria a mesma coisa.

Por isso, os poetas da Baixada Fluminense podem utilizar frases desta música do Jorge Aragão para falar com essa nova geração:
– Quando pisar no terreiro procure primeiro saber quem eu sou;
– Por isso vê lá onde pisa, respeite a camisa que a gente suou;
– Fico feliz em saber o que fiz pela música/poesia, faça o favor, respeite quem pode chegar onde a gente chegou;
– [… ]somos linha de frente de toda essa história;
– E a gente chegou muito bem, sem a desmerecer a ninguém, enfrentando no peito um certo preconceito e muito desdém;
– Tá chovendo de gente que fala de samba/poesia e não sabe o que diz.

 

 

 

 

 

Sobre Dudu de Morro Agudo

Rapper, educador popular, produtor cultural, escritor, mestre e doutorando em Educação (UFF). Dudu de Morro Agudo lançou os discos "Rolo Compressor" (2010) e "O Dever Me Chama" (2018); é autor do livro "Enraizados: Os Híbridos Glocais"; Diretor dos documentários "Mães do Hip Hop" (2010) e "O Custo da Oportunidade" (2017). Atualmente atua como diretor geral do Instituto Enraizados; CEO da Hulle Brasil; coordenador do Curso Popular Enraizados.

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