domingo, 22 dezembro, 2024

Sobre Fliperamas

Antes do barateamento tecnológico que gerou as Lan Houses nos inícios dos anos 2000, existiam os Fliperamas.

Eram espaços próprios, bares ou padarias considerados quase como templo religioso pela molecada e que geralmente eram próximos a escolas, praças e outros locais de grande circulação da juventude (logicamente!).

Grande parte dos meninos dos anos 90 ficavam com os olhos brilhando com ou via o barulho de porradas nos botões em jogos como King of Fighters e o lendário Street Fighter. Por apenas R$0,25 (ou R$ 0,35 dependendo de qual cidade do RJ você é), um mundo de 16 bits se abria para ti e você poderia passear por cada canto da tela, na maioria das vezes pelos eixos X e Y .

Dentro desse convívio do fliperama, acompanhado por um primo ou brother da escola, haviam alguns momentos decisivos e que mostravam muito da sua personalidade e da sua relação com a vida. Um desses momentos é o “contra”! Quando aparace um cara desconhecido, chega do seu lado, insere a ficha na máquina e boom! “Here Comes a New Challenger”! Agora é cada um por si, se levando ao extremo para provar que é o Rei do Camarote  Fliperama! E quem perder, tem que aceitar a zoação sem pedir arrego! Esse tipo de situação forma o caráter! É o primeiro tipo de pressão que o mundo pode dar pra um moleque! E a primeira oportunidade de ser respeitado nas ruas por algo que tenha realizado. Assim, o famoso convite “vamo bater um contra?” visto de um adulto de fora, pode ser percebido apenas como diversão, mas pra quem tá dentro é questão de se auto representação, superação, crescimento ou seja vida ou morte!

Hoje em dia o panorama dos fliperamas é outro. Pouquíssimos lugares possuem tal máquinas e esse universo fica apenas preso à mentes nostálgicas como a de quem vos escreve. Mas o video game continua presente nos gráficos assombrosos de consoles como Xbox ou em aplicativos para smartphone. A questão da competitividade continua, e continua até num formato profissional. Existem diversos jovens pelo mundo hoje que ganham grana para jogar video game (e vencer!).

Sou muito grato a cultura de rato de fliperama. Fiz muitos amigos, aprendi que nem sempre se ganha mas que pode ter algum macete. E também que o modo cooperativo é bem melhor do que o “vs mode” e o “arcede mode”.

 

 

Sobre Rodrigo Caetano

Músico // Produtor // Comunicador

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