domingo, 22 dezembro, 2024

A arte da sobrevivência periférica

Não é de hoje que se faz um paralelo entre os dois universos que existem entre os dois lados do túnel, mas quando se parte para o front de batalha, que a coisa fica interessante.

Vamos primeiro no total anonimato, descaso e invisibilidade que nos torna cada vez mais à margem dos olhos de quem deveria dar uma chegadinha do lado de cá de vez em quando, mas sabemos que isso é meio impossível porque para começar eles nem sabem como chegar, e se aqui existe cultura, que segundo eles, é algo que nós daqui ainda precisamos aprender.

Mas vamos aos fatos, quando se fala em difusão cultural, eu fico me perguntando, será que pensam que nós queremos ainda que mandem recreadores para passarem o dia com a gente fazendo atividades apenas para nos entreter e passar o dia? Creio que sim, mas tem um porém, as instituições não estão mais apenas querendo ajuda e assistencialismo, e sim instrumentos de inserção nesse mercado que é muito competitivo e está entre os mais rentáveis do mundo, e que faz o recurso investido retornar como forma de arte.

Eu fico lembrando dos discursos de candidatos que aparecem nos bairros mais caóticos possíveis, falando que vão “trazer atividades para as crianças e que, nossos meninos e meninas não vão mais ficar com o dia livre e terão uma atividadezinha para passar o tempo”, (nessas hora me dá saudades do Bin Laden).

Há vários dias tenho percebido o quão as regiões de uma mesma área, possuem uma espécie de código de conduta diferentes, circulando e convivendo, tudo parece ferver numa panela prestes a explodir ao menor sinal de fogo, mas onde se espera que surja a terceira guera mundial, a convivência é tranquila, ( * tudo tem seu limite), e todos convivem dentro da respeitabilidade, e eis que surge um ou outro a mando do troço ruim para entornar o caldo, mas o saldo é muito positivo e se mostrou um grande termômetro, que para muito sociólogo seria um prato cheio para fazer um estudo, mas a disposição para encarar poucos a tem, e muitos pesquisadores preferem ir a uma comunidade na zona sul, e a nossa famigerada baixada fica de lado, deixando a choradeira de lado, cheguei a uma conclusão: ONDE ESTÃO OS EQUIPAMENTOS CULTURAIS DAS CIDADES DA BAIXADA FLUMINENSE? dentro do meu ovo esquerdo que não está, sei que muitos recursos para o RJ para investimento na cultura do ESTADO, foram captados e que certamente atenderão interesses pessoais de uns e outros, então cabe a nós, fazermos barulho e trazer esses recursos para a baixada fluminense.

E para circular nas quebradas, precisa ter uma expertise que nem mestre dos magos teria para circular por aqui, então fica dica, a galera gosta e precisa muito de eventos em todas as áreas culturais, o povo curte e participa, o que falta é programação local, e gente boa nossa, fazendo um bom trabalho, não falta.

Sobre Samuca Azevedo

O coteúdo deste texto não reflete a opinião do Portal Enraizados ou do Instituto Enraizados, e é de inteira responsabilidade do autor. Samuel Azevedo é ator e produtor cultural, atualmente é Presidente do Instituto Enraizados.

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