Evellyn nasceu na Zona norte do Rio de Janeiro numa família de 9 filhos e poucos recursos. Mulher, negra, estudou em escola pública, não teve professor de física, química, filosofia, geografia, foi mãe aos 17 anos, saiu de casa, teve filhos, criou-os, fez vestibular, passou, cursou a faculdade em 4 anos.
Ela faz parte de uma estatística positiva do Brasil embora tenha enfrentado tantas barreiras para chegar ao final do nível superior de ensino. Multi talentosa a atriz, poetisa, ex rainha de bateria, cantora, atleta e modelo fitness e jornalista fala num bate papo rápido com respostas curtas sobre como foi sua passagem pelo sistema universitário.
Cleber: Como foi seu primeiro dia na universidade?
Evellyn: Estudei na Faculdade de jornalismo Hélio Alonso com bolsa de estudos. No primeiro dia foi muito tenso pois não sabia o que iria encontrar. Uma mistura de tensão e alegria, feliz em parte por estar chegando num novo caminho.
Como era a composição de alunos dentro da Faculdade? Você calcula quantos negros existiam em sua turma?
Evellyn: Éramos duas em uma turma de aproximadamente 30 alunos. Logo no período seguinte minha colega trancou o curso e não voltou mais.
Cursar o nível superior mudou a sua vida?
Evellyn: Pra caramba! Muitas vendas foram tiradas dos meus olhos, aprendi a ler nas entrelinhas como alguns professores falavam, sair do “Senso comum”, deixar de ser “papagaio de pirata”.
Como está sua vida hoje? Que trabalhos vem fazendo?
Evellyn: Produzindo documentários com recursos próprios (“Quando o mal fez o bem” e “Partido alto na tribo do samba: onde um parideiro fez morada e deixou sua arte eternizada”), e mais um ainda em andamento, e competindo no fisiculturismo feminino, com competição marcada para outubro no Rio de Janeiro.
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