Ela fez backing vocal para vários artistas como Sidney Magal, Fernanda Abreu e a banda BLITZ. Em 2000, lançou seu primeiro disco, intitulado “Intuitiva”. Disco esse que ganhou as rádios e pistas com as canções “Demorô”, “Periga eu te conquistar” e a canção que dá nome ao disco. Trabalhou em diversas parcerias e teve seu single “Alice no país das armadilhas” lançado nas rádios e tocado nas pistas, em 2004. Dividiu o palco com diversos artistas, dentre eles, o rapper Black Alien. Em 2008, foi a única artista brasileira a se apresentar no Festival “Tudo é Jazz”, em Ouro Preto, MG. Em 2009 lançou o disco “Neguinha”, e foi indicada a um prêmio, como melhor artista solo feminino, e em 2010 abriu o show do cantor Akon em Nova Iguaçu, RJ. Estou falando da intuitiva diva do Hip-Hop-Soul-R&B, rapper, cantora e compositora Hannah Lima. Confira a entrevista:
Marcão: Como foi seu envolvimento com a música?
Hannah: Vem desde o útero materno! Minha mãe tocava piano, minha avó tambem, o pai da minha avó, meu bizavô, que nem conheci, era negro e maestro lá na pequena cidade de Espera Feliz, interior de MG. A música vem passando de geração em geração na minha família. Então já nasci envolvida com música. Aprendi a falar cantando uma música que minha mãe compôs pra mim quando nasci, “Botão de Rosa”, e gravei essa musica no meu primeiro CD. Ela costumava tocar piano comigo ainda na barriga, e depois no carrinho e depois, já maiorzinha, e eu ficava do lado cantando e olhando o que ela fazia… Aprendi piano na infância de ouvido mesmo. Depois que minha mãe faleceu, eu ficava vendo minha avó tocar e depois, já na adolescência estudei um pouco de piano na escola de música Villa Lobos. Música é meu refúgio, minha fortaleza. Minha mãe, Maria Célia Lima, faleceu quando eu tinha apenas 5 anos, e a musica tornou minha infância suportável. Profissionalmente, comecei aos 18 anos fazendo backing vocal para o Sidney Magal.
E como foi fazer backing vocal para o Sidney Magal, e também para Fernanda Abreu e Blitz?
Foi aprendizado! Especialmente com o Magal, então, aprendi demais vivenciando momentos inéditos até então pra mim, já que foi meu primeiro trabalho. Nunca havia viajado para fazer shows, programas de TV e com ele, foi tipo tudo ao mesmo tempo! Muita TV, Faustão, Gugu, Xuxa, Fantástico, Angélica… e vários outros! Nossa, todos os programas de TV, a gente fazia além, muitos shows e eu ainda crua né!? (Risos). Depois veio a Fernanda Abreu e sua banda que é show de bola, e depois a Blitz, onde entrei pra gravar um CD ao vivo e ficar 6 meses, mas a tour virou e eu fiquei 3 anos! A Blitz é pura magia! O público faz o show cantando tudo! E lá eu tinha uma liberdade criativa total! Desde cantar e dançar á falar com multidões, tocávamos pra 100 mil pessoas muitas vezes, e chegamos a tocar pra 4 milhões de pessoas no réveillon do Rio em Copacabana! Tinha cenários que se moviam, cantei em cima da Lua, com carro entrando no palco, rede de futevôlei, capoeiristas, baleias infláveis caindo do teto, bolas gigantescas que a gente chutava para a plateia! (Risos). Muitos figurinos e mil coisas que aconteciam no palco! A parte cênica e teatral da Blitz era demais! Foi uma escola fundamental para que eu depois estreasse em carreira solo como uma veterana! No meu primeiro CD, o palco já não era nenhuma novidade pra mim !
Você lançou o disco “Intuitiva”, e se tornou uma das principais representantes da fusão entre Rap e R&B. Qual a importância dessa fusão?
Me lembro até hoje a emoção que eu senti quando escutei a “DEMORO” no rádio pela primeira vez! Quando peguei o CD “INTUITIVA” na mão, também me lembro! A sensação de estar com meu sonho nas mãos… e depois escutar tocando… Pulei , ri , gritei e depois chorei bastante de alegria, mas também pelo esforço, pela luta, enfim, por tudo afinal, depois de 10 anos trabalhando com outros artistas, eu havia conseguido gravar e prensar o meu primeiro CD com uma boa distribuição! Mas não foi fácil trabalhar um CD autoral nesse estilo. Ninguém na época fazia R&B e ainda mais misturando com rap! Nossa não foi fácil mesmo. A gravadora me enquadrava no pop-rock, pois não havia seguimento Rap, nem Black lá… E a galera do rap mais raíz ainda não interagia nada, nada… Muitos curtiam meu som, mas havia ainda, certo receio… Duvidavam que era eu quem escrevia minhas musicas… Sei lá viu… Foi bem difícil. Me lembro de situações inúmeras onde viam meu pôster e não levavam fé. Achavam que era produto fabricado! Até nas rádios aonde eu chegava me olhavam com descrença e só depois que eu cantava é que ai a coisa mudava de figura!
Tive um retorno bacana pelo fato de tocar em rádio, mas na época, eu era um “produto solitário”, e segundo a gravadora, por isso difícil de trabalhar. Eles achavam que meu CD estava 10 anos adiantado! Eu ficava irritada quando escutava isso deles, pois no fundo, era uma desculpa para não investirem em divulgação. E era mesmo! Mas por outro lado, hoje em dia vejo que fazia sim, algum sentido o que eles diziam, embora não justificasse a incompetência deles na divulgação do “INTUITIVA”. O R&B, o Soul e Funk são a raíz do Rap, então é claro que a mistura é algo natural. Porém não foi fácil, já que no Brasil naquela época uma mulher gravar R&B misturado com rap, compondo por si só e não tendo sido parte de grupo de rap masculino era algo nem sempre visto com bons olhos.
Você se sentiu com uma grande responsabilidade, sendo a única artista brasileira a se apresentar no “Festival Tudo é Jazz”?
Na verdade, eu só soube disso exatamente quando já estava lá em Ouro Preto. Soube bem em cima da hora, então nem deu muito pra sentir a responsa, mas foi muito gratificante tocar e ver os artistas que se apresentariam depois de mim me assistindo e curtindo, mesmo sem entender o que eu cantava. Depois de mim, neste palco, subiram mais 4 artistas, todos de New Orleans!
Você dividiu palco ao lado de artistas, como Black Alien, Nando Reis, Zezé di Camargo e Luciano… Grande parte dos rappers, e as pessoas que escutam rap, ainda enxergam uma espécie de barreira entre os demais gêneros musicais; mas pra você, qual a importância dessa aproximação?
Olha, eu entendo que existam sim, barreiras, mas elas na verdade existem mais é dentro da cabeça das pessoas. O rap encontra dificuldades por ser música falada e sofre sim preconceito, mas o preconceito existe também entre outros estilos. É roqueiro que não curte Axé, é MPB que detesta Sertanejo, enfim… Mas na minha opinião, o rap é mais afetado por absorver e interiorizar o preconceito que sofre. O Rap deve saber se sentir, se reconhecer e se entender como música! E tomar posse mesmo! Tipo, eu sou um rapper e sou músico! Acho importante também para aqueles que querem viver de música que encontrem um diferencial. Eu, por exemplo, peguei meus primeiros trabalhos em bandas de artistas Pop, não só por que eu cantava, mas sim por que cantava e dançava muito bem! Meu diferencial foi fundamental para que eu me destacasse e fosse escolhida entre dezenas de candidatas para trabalhos onde a dança era fundamental! Então acho importante que a pessoa aprenda outras funções como tocar um instrumento, cantar, dançar… Porque ai você pode ir abrindo mais espaços, pode interagir mais também. Interagir e se aproximar de diferentes estilos musicais é importantíssimo não só para ampliar os horizontes e possibilidades de trabalho, mas também para o aprendizado. Com música a gente aprende sempre especialmente experimentando estilos que não são exatamente os que a gente faz, ou faria num trabalho próprio e autoral!
Confira o videoclipe da canção “Demorô”, de Hannah Lima:
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Em 2009, você lançou “Neguinha”, e foi indicada a um prêmio, como melhor artista solo feminino da História do Hip-Hop Brasileiro. Qual foi a reação ao saber da indicação?
Claro que eu achei bacana, afinal pelo fato de por muitos anos, só existir a categoria Demo Feminina, eu nunca havia concorrido, pois não faço demo e meu primeiro cd é do ano 2000 e na época por ser R&B, e a premiação ser mais fechada no Rap, lógico que nem se lembraram de mim… Depois nos anos seguintes, acabaram com as categorias melhor CD feminino e melhor artista feminino, e acredito que por isso, eu nunca havia concorrido. Por simples falta de categoria, devido ao fato das mulheres não lançarem CDs . Mas sempre contribui com o prêmio, como jurada, torcendo por uma maior visibilidade para as mulheres, porém, sem categorias femininas ficava muito complicado. Então em 2009, eu curti a indicação, mas confesso que não gostei da sensação de estar lá concorrendo! (Risos). Sei lá, me acostumei a ir lá todos os anos torcer pelos amigos e tal, então achei meio desconfortável, embora eu saiba que foi importante, a minha contribuição para a cena feminina especialmente por eu não fazer o rap tradicional puro, e sim ser também e originalmente uma cantora de R&B.
Atualmente, no Brasil, como está o protaganismo feminino no Rap/R&B?
Existem muitas rappers com um trabalho de qualidade tanto da antiga, como da nova geração e cantoras de R&B também! Edd Wheller, Livre Ameaça, Rúbia (RPW), Flora Matos, Nicole, Cindy, Quelinah,Negra Li,Lurdes da Luz,Tábata Alves, Nathy Mc,K-milla CDD, Carol Konká, Nega Gizza ,Mc Gra, Poetiza, Lívia Cruz… Entre outras tantas que me perdoem não terem sido citadas aqui e é claro, a eterna Dina Di, sempre! Já no R&B indico escutarem Cidália Castro! Uma diva! Canta muito e compõe lindamente! E também a Izzy Gordon, que tem uma voz fantástica e seu trabalho mistura influências da MPB, Jazz e Soul Music! Só não entendo por que o sucesso das mulheres dentro do Hip-Hop fica sempre limitado, e até hoje tão poucas conseguiram uma maior projeção, e mesmo estas nunca são igualmente respeitadas e valorizadas como os homens que também atingem um maior público.
Atualmente, no Brasil, como está o protaganismo feminino no Rap/R&B?
Existem muitas rappers com um trabalho de qualidade tanto da antiga, como da nova geração e cantoras de R&B também! Edd Wheller, Livre Ameaça, Rúbia (RPW), Flora Matos, Nicole, Cindy, Quelinah,Negra Li,Lurdes da Luz,Tábata Alves, Nathy Mc,K-milla CDD, Carol Konká, Nega Gizza ,Mc Gra, Poetiza, Lívia Cruz… Entre outras tantas que me perdoem não terem sido citadas aqui e é claro, a eterna Dina Di, sempre! Já no R&B indico escutarem Cidália Castro! Uma diva! Canta muito e compõe lindamente! E também a Izzy Gordon, que tem uma voz fantástica e seu trabalho mistura influências da MPB, Jazz e Soul Music! Só não entendo por que o sucesso das mulheres dentro do Hip-Hop fica sempre limitado, e até hoje tão poucas conseguiram uma maior projeção, e mesmo estas nunca são igualmente respeitadas e valorizadas como os homens que também atingem um maior público.
Foi importante para divulgação do meu trabalho, importante por ter sido resultado da aceitação pública da minha música “Por Ser Amor”, lançada pela FM O DIA, importante porque tive a aprovação do Akon, para que a abertura acontecesse. Foi muito bacana, mas abrir um show desse porte é muito complicado, pois o público de um artista como Akon é um público que curte a música da moda, e que está lá impaciente, e exclusivamente para ver o show dele. Foi preciso muita garra e jogo de cintura para segurar, e, na verdade, “ganhar o público” literalmente. Numa situação como essa, um vacilo ou a falta de atitude e da palavra certa num momento crítico, pode colocar tudo a perder! Graças a Deus e a minha experiência profissional deu tudo certíssimo! O público adorou, o pessoal da Rádio FM O Dia também curtiu, e foi bacana demais cantar para a Baixada Fluminense, no estacionamento da Rio Sampa, num evento daquela magnitude. Foi lindo! Mas sinceramente não sei se recomendo que um artista iniciante se coloque nesta situação. É preciso muita experiência de palco pra segurar!
Muitos! Em 2011 estou compondo e gravando aos poucos, novas músicas para um novo cd, viajando em tour com o Nando Reis, já que agora eu também sou uma “Infernal”, agitando uma temporada de shows com a minha banda e convidados, no tempo mínimo que sobra na agenda. Também devo participar de alguns CDs e projetos pioneiros, que amigos e personalidades que eu amo e respeito muito!
Hannah, muito obrigado pela entrevista, gostaria que deixasse uma mensagem aos leitores do Portal Enraizados…
É sempre muito bom ser entrevistada por esse site que eu adoro, admiro e respeito demais! Muito obrigada! E uma mensagem final seria: “Acreditem no sonho de vocês e trabalhem, lutem , coloquem-se em movimento com humildade, determinação, entusiasmo e muito amor pelo ofício! Não se imponham limites, pois eles não existem! Não interiorizem um preconceito sofrido assim como também não sejam preconceituosos com os diferentes! Não duvidem de suas metas e sonhos! Façam sem buscar os fins, pois fins não existem e sim o que existem são somente os caminhos, a caminhada! Acreditem sempre pois o impossível é somente mais, uma opinião! Muito Amor, Paz, Saúde, Verdade , Senso de Justiça e Prosperidade a todos!”
Saiba mais sobre Hannah Lima em: http://www.hannahlima.com/
Muito bacana! Ela tem muito talento sim!!! Parabéns!
Parabens Marcão! SEMPRE ATIVO!
Hannah ao meu ver vc é a mais completa do gênero sem exagero… bjuxxxx
Entrevista de peso, curti! = D
Bela entrevista, ein. o/
Lindona, humildade 100% ela!
Muito lindaaaa….Marcão,sempre firmezaaa…..