O rap literalmente transformou sua vida, “O Hip Hop salva… mais do que qualquer projeto financiado pelo governo”.
De Barueri-SP, Sasquat teve enquanto integrante do grupo Matéria Rima (Diadema – SP) a oportunidade da transformação. O rap mudou sua visão de mundo em um momento crucial de sua vida. Quando era adolescente passou por situações conturbadas e foi orientado pelo psicólogo que o acompanhava que trocasse as horas de liberdade assistida por uma oficina cultural. Foi então que conheceu o Hip Hop e o MC Joul, que enxergou além dos seus problemas, vendo o talento que ele tinha como uma alternativa nunca antes proposta. Um jovem falando pra outro: “Você quer mudar seu entorno? Sua comunidade? Quiçá o seu país? Então só o conhecimento e a leitura vão te trazer esse tipo de coisa, te dar essa oportunidade”. Esse foi seu divisor de águas e então sua vida começou a dar um andamento pra um caminho bacana, começou a estudar, ganhou bolsa, viajou através do Hip Hop e agora, em 2017, lança o seu primeiro álbum solo intitulado “A essência vive”.
Recheado de rimas contundentes, o álbum se destaca por trazer críticas e reflexões em prol da vida e da conscientização do ato de se doar ao próximo. Bebe da fonte do reggae, do samba, do funk, além dos tradicionais beats.
O rapper acaba de fazer participação no show do ator e cantor César Mello que, admirado por “A essência vive” e a forma que Sasquat desenrola os versos, o convidou para uma parceria especial. Juntos garantiram ao palco uma beleza dupla de se ver e ouvir interpretando “Ela é afro” – exaltação a mulher negra.
Provavelmente o ponto alto de crítica e reflexão do álbum está na faixa “Só que não” regada de relatos escancarados de preconceitos nas mais diversas situações.
“Somos todos iguais” vocês estão falando, abrem as portas pros europeus, mas humilham os haitianos.
“Somos todos iguais” mas não quer me ver nas universidades públicas federais.
“Somos todos iguais” mas não nos encaixamos nos requisitos dos seus comerciais.
“Somos todos iguais” mas você tem vergonha de me apresentar pros seus pais.
Essa música na verdade não entraria no disco. Ele foi pro estúdio, o beatmaker desenvolveu a base e em questão de minutos ele escreveu e gravou, mas só depois percebeu que não poderia deixar essas questões passarem despercebidas. “É muito fácil para a televisão se manisfestar quando acontece com alguém que está na mídia, tentando maquiar, dizendo ‘olha, estou fazendo a minha parte em relação ao que aconteceu’ todo o tipo de preconceito, seja ele racial, contra a orientação sexual, etc. Só que no dia-a-dia a parada é bem mais embaixo, vai além de sofrer ataques na internet. Acontece constantemente quando a gente vai procurar emprego e não se enquadra nos padrões impostos pela sociedade de que, por exemplo, eu não posso ter um cabelo black power para trabalhar em uma empresa de contabilidade, sabe? Isso já aconteceu comigo e com várias pessoas que eu conheço.” desabafa Sasquat.
Com as produções de Ricardo Mock, Nixon Silva, Skeeter, e a mixagem e masterização do ícone do Hip Hop nacional DJ Hum, “A essência vive” está disponível nas principais plataformas digitais.
Um MC acima da média. Parabéns!!!
Concordo! Ninguém muda a vida e se preocupa em mudar a vida do próximo querendo viver na média. Viemos pra muito mais!!
Belo trampo esse do Sasquat!
Emocionante matéria.
#Bravo