Com a leveza de uma mãe, a sutileza de uma filha e a ferocidade de uma mulher.
Aprendi a escrever muito cedo. Antes mesmo de ir à escola. Fui alfabetizada com menos de cinco anos de idade, na casa dos patrões da minha mãe, no bairro Catete, no Rio de Janeiro. Depois, já frequentando uma escola regular era quase sempre a “CDF” da turma. Aos nove, já me dava bem em pequenos textos e me destacava na prova de leitura.
No inicio da adolescência cultuava uma pasta de pequenas riquezas transcritas. Poemas e até letras de música faziam parte do meu mini acervo pessoal. Lia poucos livros, mas muitos quadrinhos. Carlos Drumond de Andrade era o meu autor preferido. Participei do meu primeiro sarau aos doze anos e lembro como se fosse ontem o quanto a minha alma estava inflada de orgulho com minha mãe na platéia.
Daí você pensa: essa sujeita deve ter alguns livros publicados, deve ser “fominha” de sarau, formada em letras, ser poetisa… Não. Nada disso. Aos quatorze anos eu fui mãe e isso, na década de 90, era um empecílio.
Vivi toda a minha infância no eixo Baixada – casa dos familiares – e Zona Sul – casa dos patrões da minha mãe que por muitas vezes era a “nossa” casa. E apesar de muito politizada, muito bem informada, fui sucumbida pela gravidez na adolescência.
O bacana é que, por incrível que pareça, deu tempo de fazer muita coisa legal antes de ser mãe – não que ser mãe não seja uma coisa legal. Além dos pequenos feitos de infância, tive tempo de ser membro ativo por três anos consecutivos do grêmio estudantil em escolas municipais da Zona Sul do Rio, onde denunciamos tráfico e uso de drogas no recreio, assédio e descriminação contra alunos praticados por uma professora francesa, e conseguimos algumas mudanças no cardápio da escola. Fui ao Hollywood Rock ver o Kurt Cobain sair de quatro do palco da Apoteose. Pintei o rosto e me juntei aos jovens revolucionários em algumas passeatas do “Fora Collor”.
Tudo isso me formou política e socialmente. Mas, nesse espaço eu pretendo ser o mais imparcial possível. Aqui, eu pretendo ser mãe, filha e principalmente mulher. Eu sei que inevitavelmente minhas colunas terão implícitas o meu posicionamento político-social. O que eu quero é que isso se dê com leveza, sem ter a obrigação de um posicionamento, imposto pelo modismo de ser “politico”, instaurado nas mídias sociais.
Eu quero é que, mães – donas de casa ou não – se vejam e reflitam nos meus textos. Que mulheres que trabalhem fora ou dentro de suas casas, se percebam nessas linhas e nesses amontoados de palavras. Ou não somos mães, filhas e mulheres antes de qualquer coisa?
Minha postura social não começa dentro de casa?! Meu posicionamento político não está no meu cotidiano?! Não. Não estou limitando minha coluna às mulheres. O que estou dizendo é que esse espaço vai ser pensado com sensibilidade feminina, com alma feminina, mas intencionada a todos os gêneros com muita liberdade e sem molduras.
Então, vamos lá! A partir da próxima semana, toda quarta feira eu vou estar aqui falando sobre atualidades politicas, sociais e culturais, com a leveza de uma mãe, a sutileza de uma filha e a ferocidade de uma mulher.
Sejamos todos bem vindos!
Cristiane, você é a primeira mulher a escrever nessa nova fase do portal; e misturando cotidiano com opinião, pelo que eu te conheço, vai ficar super maneiro. Seja bem vinda, com certeza serei um assíduo leitor da sua coluna.
Muito obrigado moço. Estou animadíssima! Nos vemos aqui toda quarta.
Parabéns pelo belo texto, muito motivador,vou acompanhar toda semana! Parabéns e sucesso!!
Que bom que gostou Jeniffer! Nos vemos na quarta! bjks