terça-feira, 3 dezembro, 2024

Depois de Criolo e Rael, surge um novo fenômeno no rap: Sensato

Ele é baiano, de Vitória da Conquista, tem 28 anos e já teve uma treta com o Cabal.

Essa poderia ser a chamada de uma matéria sensacionalista de um rapper gangsta dos anos 80, mas não, apesar de ser tudo verdade, estou falando de uma cara tranquilo, franzino, que prega a paz e que atualmente vive em Guarulhos-SP, é pai de três filhos – inclusive, um que acaba de nascer – e acaba de lançar um disco de rap, mas com uma sonoridade que nitidamente sofre uma grande influência do reggae, o que o faz conquistar fãs fora do rap, mas sem perder o respeito e admiração de quem tá dentro dessa cultura tão exigente com seus artistas, principalmente quando o assunto é lealdade ao estilo. Parece com a história do Rael e do Criolo? Acho que sim, mas o Sensato tem um “quê” a mais.

Foi recentemente contratado pela gravadora Ibotirama Records, do seu parceiro e empresário JB, que também é rapper, baiano e morador de Guarulhos; juntos selecionaram uma equipe de produtores/beatmakers não tão conhecidos como os monstros Daniel Ganjaman e os americados K-Salaam & Beatnik, mas que também conseguiram produzir, a várias mãos, um álbum ímpar em um estúdio que está longe de ser um cinco estrelas.

Segundo o próprio Sensato, seu som é criativo, melódico, crítico, sarcástico, poético, mas de fácil entendimento, sendo assim não se espante se na próxima semana você ligar a TV e o ver sentado na poltrona do Jô.

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Sensato

Dudu de Morro Agudo – Qual o teu nome meu mano?
Sensato – Jairo Santos Araújo

Porque Sensato?
Eu usava C4, em 2006, e quando gravei o primeiro trampo em 2007, com o JR Junior, e fiz a página no myspace, o Cabal achou e me intimou.
Ele disse que só tinha espaço pra um C4 no Braza, ele. Retruquei, mas depois de um tempo preferi mudar, pra não perder o fonema, Sensato. (risos)
Porém Sensato, sensatez, é algo que eu prezo nas rimas, sempre prezei, apesar de isso por si só já denotar demência ou insanidade. (mais risos)

Amarelou pro Cabal?
Amarelei não, preferi não ter o mesmo codinome que ele.

Achei que esse era seu primeiro trampo. Já gravou algo antes?
Em 2007, um trampo que nunca saiu, chamado “Força e Resistência”. Foram 10 faixas, com produção de JR Junior, hoje conhecido como Juninho Lutero.

Ele é lá de Vitória da Conquista né?
É, aquele mesmo bicho doido. (risos)

Fiquei sabendo que ele agora é evangélico. É por isso que o trabalho não saiu?
(Muitos risos) O meu?! Não, não foi por isso.
Eu não me sentia pronto e por isso não me esforcei pra por na rua, ficou só entre amigos.

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Sensato

Agora você está preparado? Qual a sua idade hoje?
Me sinto apto. Não como gostaria, porque sou meio perfeccionista, porém meio desleixado, mas tenho uma mente melhor hoje, aos 28 anos.

Quem ouve teu som percebe que tu bebe em outras águas além do rap. Qual a tua formação musical?
Primeiro música evangélica, cantei no grupo de criança. Depois seresta, forró, bastante reggae na adolescência e por aí vai… Gosto daquelas musicas que nunca envelhecem, os chamados Flash Backs.
Tenho uma boa influência do reggaeman Gregory Isaacs, acho que isso caracteriza a suavidade do flow.

Como está a repercussão do disco Insana Sensatez? E porque esse nome?
São minhas loucuras cara… Na verdade são as neuroses por que passei e tenho passado nestes últimos 4 anos.

Neuroses?? O disco é super positivo e motivador. A faixa 05 (Na disposição) é uma que eu choro quando ouço, parece que tu fez pra mim, é motivadora demais. A “Gata Parida” tem protesto e musicalidade.
(Risos) Porra negão, obrigado cara!
É massa demais ouvir essas palavras.

O disco tem dado o retorno que você esperava?
Sim. Ainda é bem recente, veio junto com meu terceiro filho.

Tá com filho pequeno?
Tô cara, é Levi o nome, não foi planejado, como muita coisa em minha vida, mas dou esta mesma vida pelo pivete.

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Sensato

Mas como está a repercussão, a galera tá comentando, tu tá fazendo show?
O disco tá bem o que eu esperava, principalmente no que diz ao entendimento do conceito total, algo criativo, melódico, crítico, sarcástico, poético, mas de fácil entendimento.
Show ainda não. JB tá na responsa disso, mas por conta do meu filho, pedi pra ele ficar de boa só um tiquim.
A galera tá curtindo, todos que adquiriram gostaram e comentaram. Bons comentários, eu até quero ouvir críticas mais incisivas, mas até agora nada.
Sobre os comentários, a “Gata Parida” e a “Marião” são as mais aplaudidas aqui.

E Marião, quem é?
Marião são todas as “negas embassadas” que vivem a vida, faz o que prefere sem se importar com o que os outros falam. A primeira inspiração foi mainha… foi ela quem cortou um pivete com um canivete que ela mesma fazia. Então fui lembrado das mulheres desse perfil que conheço e fui criando a música.
É uma homenagem a elas, do meu modo. (risos)

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Sensato

E a participação do Slowdabf?
Uma de minhas felicidades foi poder rimar com Slowdabf, um cara de um grupo que ouvia há um tempo já.

Eu toco o teu disco no meu carro todos os dias, pra públicos diferentes, idades, etnias, religiões, gênero e todos gostam. Algumas pessoas que ouviram disseram que você é um fenômeno, ainda melhor que Rael e o Criolo. Você já havia ouvido tal comparação?
Hahahaha!!!
Caralho! Olha, um professor meu disse que eu tenho que tá no Manos e Minas e que meu disco é de Wolrd Music, isso me lembrou do Criolo, que é uma boa referência. Um outro brother ouviu a “Na disposição” e disse que meu som é tipo o do Rael.

Então a galera tá apontando na direçpão certa?
Tá véi! (risos)
Num é que tá? (mais risos)

E a produção? Quem assina?
Uma galera… a maior parte das bases são do Tchiago Consega; tem uma linda base feita pelo Léo da XIII; tem uma do meu parceiro de Salvador, Diego 157; tem do pastor, que é a Kizomba, faixa 11; tem do Gilmar de Andrade.

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Sensato

Parece que é banda. Teve alguém que tocou algum instrumento?
Sim. Marcos Paiva toca baixo acústico apenas na faixa 2. Só essa teve instrumento.
Até ia sair uma música com banda, mas não deu pé.

Quem é responsável pelo disco?
A gravadora Ibotirama Records, do JB.

Deixe um salve pra galera que tá lendo tua entrevista.
Um salve pra todos os loucos aí do Portal Enraizados, já te falei o quanto aprecio essa parada.
Obrigado mesmo velho, Hip Hop é uma força muito positiva que nos reanima a cada dia.

CONTATOS:
sensatoduetos@gmail.com
011 70229043
011 970229043

Sobre Dudu de Morro Agudo

Rapper, educador popular, produtor cultural, escritor, mestre e doutorando em Educação (UFF). Dudu de Morro Agudo lançou os discos "Rolo Compressor" (2010) e "O Dever Me Chama" (2018); é autor do livro "Enraizados: Os Híbridos Glocais"; Diretor dos documentários "Mães do Hip Hop" (2010) e "O Custo da Oportunidade" (2017). Atualmente atua como diretor geral do Instituto Enraizados; CEO da Hulle Brasil; coordenador do Curso Popular Enraizados.

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2 comentários

  1. meu grande amigo parabéns sucesso !!!

  2. Vi nascer esse rapper em 2006 quando ainda era C4 na minha casa quando me fez uma visita com LD2… tamb vi um potencial incrível nesse cara quando convidamos para tocar num evento que rolava na época chamado ESFERA RAP lembra? então, maior respeito meu caro torço sempre por vc e quando estiver por aqui vamos fazer um som juntos fica na paz

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