Já perdi as contas de quantas vezes entrevistei meu amigo e irmão Alessandro Buzo, mas tenho certeza que para manter o povo atualizado sobre as atividades que esse mano realiza pelo Brasil, eu teria que fazer uma entrevista com ele toda semana. Mas agora, atendendo a diversos pedidos, trago uma troca de ideia de alto nível para vocês curtirem um pouco do dia a dia do cara mais correria de São Paulo. Com vocês… ALESSANDRO BUZO.
DMA: Você começou sua carreira como escritor, mas hoje também atua como repórter. O que mais te dá prazer?
Alessandro Buzo: Ambas atividades são prazerosas, curto quando o povo me para na rua e diz que curte meu quadro no SPTV, da Rede Globo, é um sucesso aqui em São Paulo. Hoje exibimos o “último” quadro, que começou há 03 anos. Esse é o quadro de numero 147. Já pensou… mostrar a cena cultural na Globo por 147 vezes? Nas ruas percebo o quanto as pessoas se sentem representadas.
Mas o prazer de alguém falar que leu um livro seu e curtiu, que foi importante pra ela, isso também não tem preço.
Li sobre isso no seu blog, que seu quadro semanal no SPTV vai sair do ar temporariamente. O que você sentiu quando recebeu a notícia?
Esse ano é atípico, teve Copa do Mundo, agora eleições… isso prejudicou um pouco, mas acho que dar uma parada numa hora boa, por cima, sendo um sucesso… isso pode facilitar a volta em 2015.
Se tiver uma mobilização do público, talvez voltamos “antes” de 2015. Hoje circulou muito a hashtag #FicaSPCultura.
Recebi a notícia sem susto, andava me preparando psicologicamente pra isso, nada é eterno. Na verdade o meu sentimento é de “missão cumprida”, prefiro dizer que é um “até breve”, mas se não voltar, vou seguir minha vida, além de poder fazer o quadro em outra emissora, eu e a Produtora DGT Filmes temos um projeto de um programa de TV. O futuro a Deus pertence.
A fama não me subiu pra cabeça, o fim do quadro não pode jamais me derrubar.
Dentre seus projetos já realizados, vimos sua capacidade empreendedora com a livraria, a produção de dezenas de eventos de raps, saraus e filmes. Existe algo que você tem vontade de fazer, mas ainda não fez?
Acho que não… meus sonhos são fazer outros livros, outros filmes e quem sabe, seguir na TV.
Ou seja, meu objetivo é a continuidade do que já acontece.
Um sonho é ter um “Programa de TV” voltado pra periferia, de 30 minutos ou 01 hora, talvez seja impossível na Globo, mas tem outros veículos e emissoras. Vamos aproveitar esse período, sem contrato na Globo, pra apresentar.
Quantos livros escritos até hoje?
Esse novo… Favela Toma Conta 02 é o meu décimo primeiro como autor, além desses meus 11 livros, organizei outros 07, sendo 05 volumes do “Pelas Periferias do Brasil” e 02 volumes do “Poetas do Sarau Suburbano”, são um total de 18 livros em 14 anos.
Qual foi o livro mais importante da tua carreira? Porque?
Sem dúvida é “O TREM”, porque foi ele que me tirou da invisibilidade e me trouxe novas perspectivas de vida, antes de lançar O TREM, em 2000, eu era um cara comum da quebrada, que usou droga por mais de uma década, que largou o vício por amor a uma família. Casei em 1998 com a Marilda e tivemos o Evandro, nosso filho, em 2000, mesmo ano do livro.
Mas cada livro é uma história, o “Guerreira” (Global Editora) é o meu “melhor” livro como escritor, é um romance chapa quente, espero que um dia vire um filme de um cineasta consagrado, com uma mina top de protagonista.
Hip Hop – Dentro do Movimento (Aeroplano Editora) é importante, entrevistei ou peguei depoimento de 70 pessoas entre artistas e militantes do Hip Hop de todo Brasil, não só RIO x SP, muito além disso. Tem o “Favela Toma Conta”, também da Aeroplano, 2007, é a minha autobiografia. Agora lanço a segunda parte da história, de 2008 à 2014, quando passei 06 anos na TV, sendo que 03 no Manos e Minas, da TV Cultura e mais 03 na Rede Globo, todo sábado no Telejornal SPTV 1a edição, só na Globo foram 147 quadros exibidos.
A parte boa da história merecia um novo livro. Vou lançar independente, pela Suburbano Convicto Edições em parceria com a Editora Edicon.
Fale sobre seu novo livro. Favela Toma Conta 2 – A literatura e o hip hop transformaram minha vida.
Como disse é a segunda parte da minha autobiografia, no primeiro livro de 2007 eu narrei o “antes” da cultura, os trens lotados, drogas, sub-empregos e como me envolvi com a cultura e ela melhorou minha vida em todos os sentidos.
Agora narro a melhor parte da história, de 2008 à 2014, eu passei a viver só de cultura, paguei esse tempo todo minhas contas em dia, trouxe sustento pra minha casa através da cultura, mostro que os sonhos mais impossíveis podem virar realidade se você acreditar mais que todo mundo e trabalhar muito.
Quem vai ler, vai descobrir que não fiquei rico, mas viver fazendo o que ama é transformar a vida. Mesmo trabalhando muito, sobra tempo pra tomar café todo dia com a minha família, pra ser marido, pai… valorizo muito minha família, somos muito juntos o tempo todo, sei lá, é assim e isso é bom. Me orgulho de ser um pai presente. Leia “Favela Toma Conta 02” e saiba que ainda é uma história em construção, mas com certeza é uma história de superação.
Porque você diz que a literatura e o hip hop salvaram sua vida?
Uso “transformou” a minha vida, porque não gosto da palavra “Salvou”, sou temente a Deus e acho que só ele pode salvar alguém, pra me salvar ele colocou três coisas no meu caminho, uma família, a literatura e o Hip Hop e isso “transformou”, logo “salvou” a minha vida.
É uma estratégia ou uma coincidência lançar o livro e comemorar seu aniversário?
É estratégia pra ganhar presente, mesmo que esse presente seja apenas a “presença” dos amigos… claro que cada um que comprar o livro vai me fazer feliz num dia que devo estar feliz por estar completando 42 anos de vida. Uma vida que nunca foi fácil, mas que trouxe grandes momentos, como o nascimento do meu filho, os livros que lancei, fazer um filme, dizer por 03 anos “É nóiz que tá” na Globo, marquei esse dia (25 de setembro de 2014), justamente pra comemorar com os amigos. Até porque no dia seguinte, 26 de setembro, eu e a Marilda Borges vamos completar 16 anos de casamento e vamos comemorar só nós dois.
Quais são seus próximos passos? Já tem livro novo em mente?
Quero retomar o romance que parei de escrever pra fazer o Favela Toma Conta 2, esse romance vai se chamar “Todo Homem é Culpado do Bem Que Não Fez”.
Essa reta final de 2014, quero me dedicar a finalizar uma casa que estou construindo no litoral norte e aproveitando a “folga” na TV, descansar e passar uns finais de semana livres, coisa que gravando toda hora pra TV era quase impossível, sempre tinha gravação, além de por 03 anos eu ter entrado “ao vivo” todo sábado na Globo, por 147 vezes.
Com a incerteza do meu futuro na TV, pretendo me dedicar em 2015 a fazer filmes curta metragem e tentar viabilizar o filme longa “Profissão MC 02” que terá o Dexter de protagonista.
Sigo até quando Deus permitir com a Livraria Suburbano Convicto, com o Sarau Suburbano e o Favela Toma Conta, evento que realizo desde 2004, no Dia das Crianças, na minha eterna quebrada Itaim Paulista.
Uma coisa é certa, no máximo em 8 anos, quando completar 50 anos, quero morar no Litoral Norte de vez, só saio de lá pra fazer palestra, lançar livro e trabalhar. Cada vez em menor quantidade… não quero morrer trabalhando, sonho envelhecer com minha preta Marilda na praia, valorizando a qualidade de vida, porque São Paulo está frenética.
Toda vez que paro no trânsito de São Paulo, penso em quando eu morar no litoral, vendo o sol nascer, os rios correrem e os pássaros cantarem. Talvez uma livraria por lá, quem sabe… o futuro a Deus pertence.
Saiba mais
Alessandro Buzo é escritor e cineasta
www.buzo10.blogspot.com
Twitter: @Alessandrobuzo
Facebook: Fan Page Oficial: https://www.facebook.com/alessandro.buzo.35
Palestras, contratantes e imprensa: (11) 98218-7512 (11) 2569-9151
suburbanoconvicto@hotmail.com
Link quadro SP CULTURA do SPTV 1a edição da Globo.
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/10/confira-reportagens-do-sptv-sobre-cultura-de-periferia.html