DMA entrevista Pregador Luo

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É com muito orgulho e satisfação que trago até vocês uma das entrevistas mais maneiras que fiz para o Portal Enraizados. Entrevista esta bem completa e impactante, com um cara que eu sou admirador a mais de dez anos, não somente por seu fazer artístico, mas principalmente por suas  atitudes dentro e fora dos palcos e seu impecável profissionalismo, que transcendem barreiras etnicas, religiosas e sociais.

Senhoras e senhores: – PREGADOR LUO!!!

Porque Luo?

Tem a ver com a lua, amo a lua. Ela é inspiradora! Não tenho luz própria assim como ela também não tem. Ela reflete a luz do sol, e eu a de Jesus. Por isso usei essa simbologia, Luo quer dizer “Homem Lua”. Também usei o nome Luo para me religar com a África. No Quênia, a segunda maior tribo é a dos luo´s, onde inclusive, nasceu o pai de Barack Obama.

Vinte e quatro anos depois de você ter se envolvido com o Hip Hop, qual as mudanças mais significativas que você presenciou no movimento?

São diversas, positivas e negativas. Muita gente que começou comigo já não está mais aí. O discurso positivo perdeu muito espaço para uma ideologia vazia que embora gere dinheiro e uma série de outros feitos louváveis na visão capitalista, empobrece muito a cultura hip-hop. Não sou pessimista ao dizer isso, só tô sendo realista.

Eu sou um amante do hip-hop e um de seus mais fervorosos trabalhadores, mas não posso ser como aqueles torcedores bobos de alguns times, que veem seu time fazendo jogadas erradas e não admitem. Amo muito todos os amigos que fiz no Hip-Hop, amo até os desafetos que ele também me trouxe nesses anos todos. Tudo o que aconteceu ao longo dos anos em que vivo nesse movimento teve um significado e me ensinou algo.

Todos os artistas do break, grafite, DJs, mcs, etc., me ensinaram alguma coisa. Significativo no Hip-Hop mundial, eu creio que seja a força comercial que ele adquiriu. No Brasil, destaco esses meus maninhos da nova geração, como: Emicida, Rashid e Projota, que conseguiram destaque mesmo se mantendo fiéis a origem do hip-hop.

O disco “2ª Vinda, a Cura”, do Apocalipse 16, foi sem dúvidas um divisor de águas dentro do Hip-Hop brasileiro, de lá pra cá seu trabalho musical vem se modificando. Seus fãs fazem algum tipo de cobrança ou comparação entre suas musicas atuais e as daquele disco?

Eu escrevi todas as faixas do 2ª Vinda, produzi o disco todo e investi do primeiro ao ultimo centavo, tanto nele, como nos demais 15 álbuns que lancei e distribuí de forma independente pela minha gravadora, a 7 Taças. Claro que contei com a ajuda de produtores, e somente em umas 3 ou 4 faixas tive a contribuição e ajuda de um outro letrista, que foi meu mano Carlos Yugi. Em todos esses trabalhos há uma mudança artística, musical e intelectual.

Eu enxergo isso como uma evolução pessoal. A maioria das pessoas gosta e entende. Uma minoria cobra e faz comparação entre os álbuns e até mesmo sobre minha musicalidade e ideologia. Não tenho condições e nem quero agradar a todos, e isso não é ser arrogante, é apenas ser você mesmo e decidir por si próprio que rumo sua vida e seu trabalho devem tomar. Eu posso afirmar que sou um dos rappers e empresários mais bem sucedidos do Hip-Hop brasileiro. Os testemunhos de vida e os números que alcancei comprovam isso. Eu estou em constante metamorfose, sou um homem em construção.

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O que você acha das “rotulações” como a do Rap Gospel?

Não gosto! As pessoas rotulam tudo, e fazendo isso não percebem que estão segregando uns aos outros. Acho que o critério pra tudo na vida deveria ser o seguinte: gosto ou não gosto, me faz bem ou me faz mal, quero ou não quero. Dessa maneira ficaria tudo mais fácil e as pessoas não se limitariam a recusar previamente aquilo que não se deram o trabalho sequer de avaliar pra tomar uma decisão mais coerente. Mas quer saber, não perco meu tempo com isso, eu aplico essa regrinha que citei nos parágrafos acima na minha vida pessoal, e assim vou sendo feliz.

Você também é bastante conhecido por suas parcerias fora do mundo do rap, como a participação no disco do KLB em 2006, como é a aceitação dos seus fãs quando essas parcerias ocorrem?

Eu já cantei com muita gente, Charlie Brown Jr. Simoninha, Exaltasamba, Rodriguinho, Thaíde, KLB, Xis, Eyshila, Fernanda Brum, Racionais, Rappin Hood, Emicida… é até difícil citar nomes, pois são tantos e tão preciosos! Fiz mais de 400 participações e tenho mais de 200 musicas próprias gravadas. Claro que dou valor e levo em conta a opinião das pessoas que apoiam meu trabalho, mas não posso ficar numa de me preocupar com o que vão achar. Faço tudo da melhor maneira, se gostarem, acertei. Senão, tento novamente, mas sem a obrigação de ser diferente do que sou, ninguém gosta de gente fingida. Tudo que faço ou fiz no meu trabalho, foi porque realmente tava a fim.

Bem antes desse “boom” do MMA no Brasil, você já era praticante do esporte e inclusive gravou os temas de entrada de lutadores como: Vitor Belfort, Pedro Rizzo, Vanderlei Silva, Rogério Minotouro, Anderson Silva, Maurício Shogun e Lyoto Machida. Conte-nos como começou essa sua história com MMA.

Eu amo artes marciais. Se não fosse rapper, teria me dedicado muito mais a elas e provavelmente teria uma academia e gastaria meus dias ajudando na formação do caráter de muitas crianças através do MMA. Não tenho praticado faz tempo, minha vida ficou corrida demais e lamento muito por isso, é como se me faltasse um pedaço.

Comecei criança no judô e fui até a adolescência. Depois me dediquei ao rap e só em 2000  voltei a treinar jiu-jitsu. Foi daí que comecei a ir a campeonatos de MMA e a conhecer toda essa galera gente boa do esporte. Muitos deles já conheciam minhas músicas e treinavam ouvindo-as. Eu não fiz o álbum “Musica de Guerra” com intenção de lucrar somente, antes disso, fiz por amor ao esporte e pelos amigos que foram homenageados nele. O que acabou servindo de estimulo pra muito mais gente conhecer o esporte e se tornar adepto. Mas em 1993 eu já alugava as fitas VHS e acompanhava tudo que acontecia no então chamado “Vale Tudo”.

Te acompanho no twitter, vejo que você posta com grande frequência e troca ideia com seus fãs e faz streaming usando o twitcam. Porque você considera importante essa interação com o seu público?

É uma troca de carinho, de ideias, de respeito e de experiências de vida. É uma forma de manter viva a interação e de dizer muito obrigado. Eu aprendo muito com eles! Afinal, parte da razão pela qual faço isso e sou o que sou, é por causa deles, meus ‘fã-migos”. Acho até que teria que interagir mais com as pessoas pela net. Estou criando uma fã-page no Facebook e um site novo para permitir mais interação. No final de meus shows, fico sempre mais uma ou duas horas atendendo o pessoal que quer trocar uma ideia ou tirar um foto. Eu devo muito mais que isso a eles.

Você é proprietário do Selo 7 Taças. Como é essa separação entre o Luo empresário e o Luo artista?

É dureza mano, difícil. Ao mesmo tempo que consigo empreender mais, fico limitado como artista. É uma pena, pois gasto um tempo precioso do meu dia fazendo planejamentos, contas, criando estratégias… enfim, é difícil! Eu poderia gastar mais tempo compondo, atendendo e ouvindo pessoas, mas também não quero ficar aqui reclamando.

Tô muito melhor assim do que se estivesse numa gravadora. Já tive propostas das mais diversas multinacionais e declinei gentilmente todos os convites. Os contratos dos caras são extremamente injustos. Pra mim é muito melhor desenvolver minha carreira pela 7T, pois tenho liberdade de proceder de maneira mais adequada trabalhando assim.

Você tocou para cerca de 20.000 pessoas no Festival Promessas, promovido pela Rede Globo. Como foi essa experiência?

Foi ótimo mano, já toquei pra 3 milhões de pessoas na Marcha pra Jesus, pra 70 mil pagantes aqui , 20 ali, etc. Claro que números são importantes. Mas não meço as coisas somente dessa maneira. Qualidade é melhor que quantidade, se tivermos as duas coisas ao mesmo tempo, melhor.

A Rede Globo teve uma atitude muito legal abrindo sua programação para a temática gospel-evangélica, que até pouco tempo atrás não se fazia presente em sua grade de programação. Sou grato por essa oportunidade que a Rede Globo me deu de poder levar a casa de muita gente o meu trabalho e o evangelho de Jesus Cristo. Tem gente que não entende a minha ida ou a de outros rappers na TV. Respeito a opinião de cada um, mas tem gente com opiniões bem atrasadas e preconceituosas.

Seu mais novo projeto é o CD “Único – Incomparável”. Tem data pra lançamento? O que seus fãs podem esperar deste disco?

O UI chega no começo de dezembro de 2012. Por serem 02 volumes, somente de músicas inéditas, ele atrasou bastante. A única coisa previsível nele é a inovação. Ao mesmo tempo que tem músicas no estilo tradicional do rap, tem outras vertentes também. Com certeza, é diferente dos outros que já fiz. Só que sempre dá pra sacar que eu continuo sendo eu mesmo ali.

Fiz o que minha alma sentia que devia ser feito e já venho alcançando êxito por isso. Tive 02 músicas inclusas entre as 50 mais tocadas no mês passado no Brasil, segundo a revista Billboard. E olha que os CDs nem foram lançados ainda! Estou muito curioso pra saber a opinião das pessoas quando os álbuns chegarem a elas dentro de mais alguns dias. Enquanto as pessoas ficam ansiosas pra ter os álbuns, eu fico ansioso aqui pra saber o que ele gerou nelas. Além dos álbuns novos, estamos lançando também vários modelos de camisetas, moletons, bonés e mais alguns produtos da 7T. Tudo estará disponível nos shows, em algumas lojas e também pela internet em dezembro de 2012.

Deixe um salve para os seus leitores do Portal Enraizados.

Obrigado pelo espaço que o Enraizados me dá aqui, também agradeço aos leitores que acompanharam essa entrevista. Que a paz do Senhor esteja sobre a vida de vocês e que seus sonhos se realizem, lutem pra isso acontecer. Fiquem firmes!