quinta-feira, 7 novembro, 2024

Forasteiro

Lembro-me da minha infância afetada pelos resquícios de ditadura, quando tínhamos que cantar o hino nacional antes de irmos para a sala de aula, e ai de quem não o soubesse de cor.

O hino vinha impresso na contracapa dos cadernos e livros, livros esses, que até hoje, adulteram e omitem pontos cruciais da nossa história. Nesse momento de patriotismo exacerbado me posiciono dessa forma:

Não! Não me orgulho de ser brasileiro, e não me faltam motivos para isso.

Não me orgulho da desigualdade, corrupção, violência, covardia, impunidade, fome, miséria. Não me orgulho da nossa falta de brios, das mulatas sambando com poucas roupas, do incentivo ao turismo sexual. Não me gabo da hospitalidade dedicada somente aos de fora, enquanto entre nós não há o mínimo de respeito e educação.

Não ostento o FUTEBOL, nem nossas belezas naturais, afinal de contas, em que ponto isso torna a vida de alguém melhor? Tenho nojo do “jeitinho brasileiro”, da “malandragem”, do pacifismo barato, da hipocrisia, da ignorância e da estupidez.

Afirmo, infelizmente, sem pesar no coração, que se o Brasil entrasse em guerra, certamente eu desertaria. Afinal de contas, na condição de afro-brasileiro, não me vejo obrigado a lutar por uma nação que nunca me reconheceu de fato como um filho.

Lembro-me dos versos de Renato Russo em “Meninos e Meninas”: Tenho quase certeza que eu não sou daqui…

Sobre Átomo

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