A produção de discos de vinyl, apesar de seu charme nostálgico e som característico, está longe de ser um processo ecológico. A fabricação do vinyl envolve o uso de cloreto de polivinyla (PVC), um tipo de plástico que, por si só, já é problemático do ponto de vista ambiental.
A produção de PVC requer a polimerização do cloreto de vinyla, um processo químico que libera toxinas perigosas, incluindo dioxinas, que são prejudiciais tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana. Além dos problemas químicos, a produção de discos de vinyl demanda uma quantidade significativa de energia. Desde a extração e processamento das matérias-primas até a prensagem final dos discos, o consumo energético é alto.
Isso não só contribui para a pegada de carbono da indústria, mas também aumenta a dependência de fontes de energia não renováveis, exacerbando os impactos ambientais negativos. Entretanto, surge uma luz no fim do túnel com a iniciativa da empresa americana Good Neighbor, que propõe uma solução inovadora e ecologicamente sustentável para a produção de discos. A missão da Good Neighbor é oferecer uma experiência auditiva de alta fidelidade sem comprometer o meio ambiente.
Seus discos são praticamente indistinguíveis do vinyl tradicional em som, aparência e toque, mas são 100% recicláveis, produzidos de forma eficiente e feitos sem qualquer tipo de PVC tóxico. Segundo o fundador da Good Neighbor, Tim Anderson, a empresa surgiu de uma frustração pessoal com os métodos tradicionais de fabricação de vinyl. “Ainda era uma coisa arcaica de dinossauro”, ele lembra sobre como as gravadoras abordavam a prensagem de discos.
“Vimos logo quando os conhecemos que eles haviam feito algo que poderia ser um grande desbloqueio”, diz Anderson sobre a parceria com a empresa holandesa Green Vinyl Records (GVR).
A Good Neighbor utiliza um método inovador que envolve a moldagem por injeção de tereftalato de polietileno (plástico PET), reduzindo a energia em 60% e aumentando a produção em três vezes. Pierre van Dongen e Harm Theunisse, da GVR, explicam que se inspiraram no processo de prensagem de CDs e DVDs, adaptando-o para a fabricação de discos. “Levamos seis anos para aperfeiçoar o desenvolvimento”, dizem, destacando os testes de mais de 200 materiais para encontrar a combinação ideal.
Reyna Bryan, presidente da empresa de embalagens inovadoras RCD e CEO da Good Neighbor, destaca os benefícios ambientais da nova tecnologia. “No meu negócio de transformação das cadeias de abastecimento, qualquer oportunidade de reduzir a produção de carbono ou eliminar produtos químicos preocupantes do processo é uma grande vitória”, afirma Bryan.
Além disso, a Good Neighbor promete um custo de produção competitivo, em muitos casos mais barato do que os métodos tradicionais. A empresa também garante um tempo de espera mais curto, com a capacidade de produzir mais discos por dia por máquina do que qualquer grande fábrica de prensagem de vinyl.
A Good Neighbor está estabelecendo um novo precedente para a sustentabilidade na produção de discos, oferecendo uma alternativa viável e ambientalmente consciente para os amantes de música e colecionadores de vinyl. “Se esta indústria continuar a crescer a este ritmo, tem de mudar”, diz Anderson. “Quando os maiores artistas do mundo começam a vender milhões e milhões destes [vinis] embrulhados em plástico, foi então que pensei: ‘Isto parece algo que seria divertido interromper.’”
Referências Bibliográficas
1. Good Neighbor Record Manufacturing: Sustainable Approach. Billboard.
2. Good Neighbor Music. Site oficial da Good Neighbor.
3. Sustainable Vinyl Production: An in-depth analysis of the environmental
impact of vinyl records. Green Vinyl Records.
4. Energy Consumption in Vinyl Record Manufacturing: A study on the
energy usage and carbon footprint of traditional vinyl production.
Environmental Research Journal.