No último domingo, ao chegar em casa de mais uma sessão de gravação no estúdio, minha esposa me mostra um vídeo no Instagram do jogador Daniel Alves, durante um jogo do Barcelona em que, antes de ele cobrar um escanteio, uma banana é atirada contra ele. Daniel simplesmente a come e continua com sua cobrança. O vídeo deu início à um movimento intitulado #somostodosmacacos, que no princípio eu optei por não opinar e acompanhar o desenvolvimento dessa história.
Amigos, conhecidos e artistas se posicionaram contra este movimento; e após fazer a leitura de um texto do Frávio SantoRua, MC do grupo Antiéticos, abriu um leque na minha mente pra que eu pudesse opinar:
Sou preto e, não, eu não sou macaco porra nenhuma! Não mereço ser comparado com uma espécie inferior devido à cor da minha pele e/ou minha origem étnica.
O termo ‘macaco’ é utilizado para inferiorizar nós, pretos, afirmando que somos de uma espécie sub-humana, irracional, da qual a elite branca racista pode tirar proveito; só que eu não sou macaco e, muito menos macaco de circo!
As figuras públicas do nosso país têm que entender que não se combate o racismo vestindo a carapuça, mas sim, lutando pra que essas atitudes não aconteçam. Em um jogo de futebol, chuva de bananas, mas dentro da favela, são chuvas de tiros exterminando a população preta e pobre; e tenho certeza que se meter em frente de uma bala ou engolir um projétil não vai resolver o problema.
Enquanto isso, na NBA, o dono do Los Angeles Clippers, Donald Sterling, acaba de ser multado em 2,5 milhões de dólares e banido para sempre da liga, devido à comentários ofensivos relacionados aos pretos e à presença dos mesmos na super liga de basquete. Nenhum jogador preto do Clippers encarou os comentários dele como elogio ou sequer concordaram ironicamente com a colocação de Sterling, pelo contrário, se posicionaram contra e se sentiram desmotivados a defender um time cujo o dono é racista.
E creio eu que os atletas brasileiros devam aprender com essa atitude, antes de propagarem um marketing negativo e ‘zombar’ de toda a luta que passamos para criminalizar o racismo e realmente fazer isso valer.