Dizem por aí que sou um rapper. Se isso for verdade, eu sou o rapper mais metaleiro que já conheci. O rock n’ roll permeia minha vida desde minha pré-adolescência. Bandas como Raimundos, Chico Science & Nação Zumbi fizeram a trilha sonora de boa parte das minhas histórias.
Duas bandas de peso que perderam seus front man. Duas bandas – dois caminhos diferentes.
Semana passada tivemos mais um bate boca público entre os integrantes dos Raimundos e o seu ex-vocalista Rodolfo Abrantes. A mesma ladainha de sempre. Digão e sua trupe não se conformaram até hoje com a saída do Rodolfo. É uma dor de cotovelo que não tem fim. Talvez mais do que isso, foi à perda sistemática de toda aquela fama, dinheiro e status.
A saída do Rodolfo evidenciou algo triste para todos os fãs dos Raimundos.
Os Raimundos eram o Rodolfo Abrantes.
Não houve vida pós Rodolfo, apenas uma sobrevida e, talvez agora, doze anos após a gravação do último e inexpressivo CD de inéditas, os Raimundos possam seguir para além do Rodolfo. Ainda é preciso observar.
Enquanto isso, Digão consegue se mostrar mais competente com suas demonstrações de rancor do que com sua musicalidade.
Para o bem da música, espero que ele vire essa página e evolua musicalmente.
Diferente é a Nação Zumbi. Após a trágica e precoce morte do gênio Chico Sciencie, que era o front man daqueles caranguejos de Recife, Jorge du Peixe assumiu a responsabilidade de continuar o trabalho junto com a Nação Zumbi.
Choraram seu luto fazendo música. Tornaram nossa dor pela perda do velho Chico mais amena. De lá pra cá foram seis álbuns de inéditas e dois ao vivo.
Uma prova de que a arte é redentora, enquanto o rancor aprisiona.