Em defesa do armamento pesado nas mãos da periferia.
Na semana passada, eu escrevi sobre o poder dos gadgets– bicos -e a fluidez com que conseguimos consumir e/ou produzir mídia – fazer barulho – com eles. Pois bem. Há cerca de três semanas, tivemos a morte do Douglas Rafael, ou DG, como era conhecido. No Esquenta! tive a felicidade de trabalhar perto dele. Quem não está ligado no assunto, dê um Google rápido, para eu não alongar o texto explicando. Enfim.
Um colunista de uma revista, escreveu um artigo insinuando coisas do tipo: DG não era santo nem nada, blá blá blá blá, que o jovem lamentava a morte de bandidos no seu Facebook, blá blá blá blá, que gírias de origem popular têm significados relacionados ao crime, que são falas de criminosos, bla blá blá blá.
Com base no artigo, escrevi uma cartaresposta que repercutiu e foi lida por dezenas de milhares de pessoas no mundo inteiro. Muitas pessoas, principalmente as de origem popular, identificaram-se com o meu texto e, fiquei feliz por ter alcançado tanta gente direto de um home office de 1,2m², na Baixada Fluminense.
Mas não foi o bastante. Nem todas as pessoas gostam de ler um texto tão grande quanto o que eu escrevi. Então compus uma música como forma de complemento. “Os Bico Vão Fazer Barulho” tem a missão de falar para a sociedade que as pessoas comuns, principalmente as de origem popular, agora têm expressão na mídia. Aliás, todos – ou quase todos – podem ser “a mídia”.
O videoclipe surgiu como um surto na madrugada de quatro dias atrás e já está em fase de finalização. A obra terá a participação colaborativa de pessoas de diversas partes do Brasil e até do exterior. Entre jornalistas, ativistas, cineastas e artistas confirmados até o momento, destaco: Wesley Brasil (publicitário), Léo da XIII (rapper e produtor musical), Dudu de Morro Agudo (líder do Movimento Enraizados), Rene Silva (jornalista), Denise Cassiane (jornalista), Bruno Thomassin (cineasta), Yuri Henderson (jornalista), Michel Silva (jornalista), Ph Hebrom (rapper), JB (rapper), Carlos Eduardo (fotógrafo), Nyl MC (rapper), UR Clau (rapper e produtor musical), Rodrigo Caetano (músico e produtor cultural), Luiz Cláudio (produtor audiovisual).
Abaixo, uma versão ainda não finalizada da música. A produção instrumental é de Léo da XIII. Ouça, comente, compartilhe. Se quiser conversar sobre o assunto, estou mais que à disposição nos comentários.
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Infelizmente ainda tem muita expressão na imprensa o pensamento homogenizante e intolerante com o diferente e o novo.
Estamos armados até os dentes com nossos gadgets e não toleramos a intolerância dos arrogantes, sejam eles jornalistas ou qualquer outro péla saco de revista elitista.
Parabéns Petter, é nós arrombando com eles e entrando com tudo. [:)]
Salve, meu mano Dumontt!! Obrigado pelo comentário. É nós nessa parada, fazendo barulho e fazendo “eles” passarem mal!