domingo, 24 novembro, 2024

“Pra mim cada letra é um solo de flow em cima da base.” Confira a entrevista com Élvis Caspa

Envolvido com a música desde os 10 anos e filho de poeta, aos 13 teve seu primeiro contato com a cultura hip-hop, ao ver uma apresentação de street dance. Envolveu-se na cena do freestyle, sendo campeão de várias batalhas em Salvador-BA, e fez parte da consolidação do cenário em sua cidade e seu estado. Foi campeão da Batalha de MCs da festa Hip-Hop Grooves e dividiu palco com Talib Kweli. Atualmente dedica-se à gravação de seu disco e divulgação de suas músicas já lançadas e projetos que envolvem eventos e divulgação da cultura urbana em sua região. Confira a entrevista com Elvis Caspa:

Como foi o seu envolvimento com a música?
Quando eu tinha 10 anos e ainda morava em Sapeaçu minha cidade natal, fui à cidade vizinha Cruz das Almas no intuito de comprar um skate e acabei comprando um Timbau, foi o meu primeiro instrumento, depois aprendi a tocar violão na rua com os amigos, toquei contrabaixo e guitarra em algumas bandas e também tenho a sorte de ser filho de um poeta, Edgar Santos, sempre acreditei que o meu dom vem de berço.

Soube que seu primeiro contato com a cultura Hip-Hop, foi vendo um grupo de dança se apresentar, conte como foi…
No ano de 1998 eu tinha 13 anos e fui a uma gincana num colégio em Sapeaçu, a gincana deu a cada equipe uma tarefa de apresentarem um grupo de dança e teve uma mente ABENÇOADA que decidiu se apresentar ao som de “Capitulo 4, Versículo 3” do Racionais MC’s que tinha acabado de lançar o disco, e a partir da fala…. “aqui quem fala é o primo preto mais um sobrevivente” eu me arrepiei como nunca tinha acontecido antes, depois dali não consegui parar de prestar atenção na letra da musica. Assim que a apresentação do grupo acabou fiz o corre pra conseguir o nome da música e do grupo que tava tocando e no outro dia comprei uma fita K7 do Disco “Sobrevivendo no Inferno” do Racionais MC’s e não parei mais de comprar e gravar minhas fitas de RAP.

Você já era músico antes de começar cantar rap e produzir. Isso te ajudou, de alguma forma?
Ajudou muito! Eu sempre enxerguei a voz como um instrumento, parte da musica e você escolhe os sons da sua voz  no momento que está escrevendo. Pra mim cada letra é um solo de flow em cima da base.

E como é o envolvimento com o freestyle, e as batalhas de MCs?
Freestyle é parte de mim, não consigo mais parar de fazer isso e com certeza os que faço na rua com os irmãos, são mais satisfatórios que os que faço no palco. Já fiz muito freestyle onde muita gente fica nervoso pra cantar uma letra ou simplesmente falar no microfone, como na JAM no MAM, que acontece aos sábados no Museu de Arte Moderna em Salvador e recebe músicos Instrumentistas e maestros de todo o mundo. Faço freestyle em qualquer lugar e a qualquer hora, talvez não saia com um conteúdo 100%, mas a rima nunca cai!
Eu nunca tinha ganhado um campeonato de nada na mina vida! Então em Julho de 2010 me inscrevi pra Batalha do Sub-Solo e fui campeão dessa e de mais duas edições seguidas do evento. Também disputei e ganhei Batalhas de MC’s na Rua e vi muito moleques bons que nunca foram vistos em palcos. Batalhas de MC’s me deram muitas coisas que eu valorizo e procuro preservar como: Respeito, atenção e oportunidades, além de também já ter recebido dinheiro e brindes em premiações. Tenho muito orgulho de ter vindo do interior e conseguir ser campeão de Batalhas de Mc’s aqui em Salvador, isso me fez acreditar mais no meu trabalho!

Você viu boa parte da consolidação da cena do rap, em Salvador. Como é pra você, ser parte integrante disso?
Eu sou muito grato aos que colaboraram pra que a cena Rap da Bahia crescesse e chegasse onde ela tá hoje. Eu sei que isso tudo começou la atrás, bem antes de eu vim morar em Salvador já aconteciam vários Bailes de Rap, Batalhas de MC´s e muito som já tava batendo forte na rua aqui, por isso respeito muito os que vieram antes, que conseguiram deixar mais plano o solo que eu piso hoje, e daí veio a ideia de escrever a faixa “Muitos vieram antes”, que me rendeu um videoclipe que vocês podem conferir no YouTube.
Fiz muita questão de ver o palco de baixo inúmeras vezes antes de pisar nele e hoje faço parte disso, acho que eu fiz e faço por merecer, tô no lugar certo, meu lugar é aqui. Pedi demissão do meu trabalho pra me dedicar ao meu disco e a minha carreira e não me arrependi nenhum dia por ter feito essa escolha.

Você lançou seus primeiros sons em 2010. Qual foi a sensação de ter um trabalho lançado e divulgado?
Me senti realizado, consegui tudo que eu queria, ter um trabalho bem feito na rua! Eu já tinha em casa no meu computador cerca de 30 raps gravados em casa, mas eu achei que nenhuma daquelas musicas escritas no decorrer de 5 anos que iria me trazer a atenção que eu precisava. No final de 2010 produzi um beat, depois escrevi “Dispenso comentários” e convidei Leo Souza pra cantar o refrão, eu levei muita fé nesse som, mas a repercussão do trabalho ainda me surpreendeu, muita gente comentando bem, olhando no meu olho e me parabenizando, cantando trechos da letra, divulgações em Blogs…. Muita gente abraçou o meu estilo e se identificou com minha proposta!

Assista ao videoclipe de “Muitos Vieram Antes”
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Você também participou da Batalha de MCs da festa Hip-Hop Grooves, onde foi o vencedor, e dividiu o palco com Talib Kwelli, que era uma das atrações do evento. Como foi essa experiência?
Foi um dos momentos mais marcantes da minha vida! Não é todo dia que se pode ir a um show de Talib Kweli, fazer uma participação com ele então nem se fala; coisa rara, irmão! Eu venci mais uma Batalha de MC’s  e ainda tive o privilegio de receber o Microfone das mãos de Talib Kweli, que tinha acabado de cantar algumas dele ao vivo e ainda tocou 2 beats emendando um no outro pra eu fazer um freestyle que durou cerca de 3 minutos, foi muito loko!

Atualmente, em que projetos você está trabalhando?
Recentemente criei a “Canal Dado”, que tem o objetivo de revelar e divulgar o que tá rolando na cena “’Rua” da Bahia através de vídeos postados no nosso canal: www.youtube.com/CanalDado.
Lá você vai poder conferir Videoclipes, skate, graffiti, músicas, freestyle e muito mais daquilo que a Bahia tem. Acesse e fortaleça! A Canal Dado, juntamente com a Freedom Soul Records e a Coro de Rato Produções, está levando o Projeto M.F.A (Manus-Festa-Ação), criado por nós e que oferece serviços de oficinas de: DJ, graffiti, rimas, beatmaker e percussão. Tudo grátis pra cultura se manter viva! A 1ª parada do Projeto M.F.A. teve data marcada. Ocorreu entre 29/09 e 02/10, na cidade de Itacaré-BA e já estamos planejando levar pra outros lugares… Também tô trabalhando no meu disco que eu acredito que vai chegar na hora certa e pretendo vender pelo menor preço possível!

Elvis, obrigado pela entrevista. Gostaria que deixasse uma mensagem aos leitores do Portal Enraizados e às pessoas que acompanham seu trabalho.
Muito obrigado por vocês terem me convidado pra fazer essa entrevista, isso é essencial pra nos que somos ou pretendemos ser artistas independentes, um salve a toda Familia Enraizados!! Quero agradecer a algumas pessoas que me fortaleceram muito nessa caminhada. Salve Yuri Loppo, o “Afinado R”, DJ Índio, Spock, L.Ar o Insano, DaGanja, Fall, Kiko, Elton Bandeira e Igor “Artigo de Rua”, tamo Junto!! E “valeu mermo” a quem escuta e divulga o meu som, presta atenção nas minhas letras e entende que o sentimento é verdadeiro e visa uma melhora no geral. Eu faço junto aos que se juntam no caminho…

Saiba mais sobre o trabalhou de Elvis Caspa. Ouça suas músicas, ou siga-o no twitter:
http://soundcloud.com/elviscaspa
http://twitter.com/#!/elviscaspa

Sobre Marcão Baixada

Rapper, compositor e produtor | Gestor de Conteúdo | Consultor de Comunicação e Plataformas

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01 comentário

  1. Da hora a entrevista, Marcão!
    Parabéns por tudo o que cê tem feito, moleque!

    Abraço

    Petter MC

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