Antes do barateamento tecnológico que gerou as Lan Houses nos inícios dos anos 2000, existiam os Fliperamas.
Eram espaços próprios, bares ou padarias considerados quase como templo religioso pela molecada e que geralmente eram próximos a escolas, praças e outros locais de grande circulação da juventude (logicamente!).
Grande parte dos meninos dos anos 90 ficavam com os olhos brilhando com ou via o barulho de porradas nos botões em jogos como King of Fighters e o lendário Street Fighter. Por apenas R$0,25 (ou R$ 0,35 dependendo de qual cidade do RJ você é), um mundo de 16 bits se abria para ti e você poderia passear por cada canto da tela, na maioria das vezes pelos eixos X e Y .
Dentro desse convívio do fliperama, acompanhado por um primo ou brother da escola, haviam alguns momentos decisivos e que mostravam muito da sua personalidade e da sua relação com a vida. Um desses momentos é o “contra”! Quando aparace um cara desconhecido, chega do seu lado, insere a ficha na máquina e boom! “Here Comes a New Challenger”! Agora é cada um por si, se levando ao extremo para provar que é o Rei do Camarote Fliperama! E quem perder, tem que aceitar a zoação sem pedir arrego! Esse tipo de situação forma o caráter! É o primeiro tipo de pressão que o mundo pode dar pra um moleque! E a primeira oportunidade de ser respeitado nas ruas por algo que tenha realizado. Assim, o famoso convite “vamo bater um contra?” visto de um adulto de fora, pode ser percebido apenas como diversão, mas pra quem tá dentro é questão de se auto representação, superação, crescimento ou seja vida ou morte!
Hoje em dia o panorama dos fliperamas é outro. Pouquíssimos lugares possuem tal máquinas e esse universo fica apenas preso à mentes nostálgicas como a de quem vos escreve. Mas o video game continua presente nos gráficos assombrosos de consoles como Xbox ou em aplicativos para smartphone. A questão da competitividade continua, e continua até num formato profissional. Existem diversos jovens pelo mundo hoje que ganham grana para jogar video game (e vencer!).
Sou muito grato a cultura de rato de fliperama. Fiz muitos amigos, aprendi que nem sempre se ganha mas que pode ter algum macete. E também que o modo cooperativo é bem melhor do que o “vs mode” e o “arcede mode”.