Metade da minha família é branca, tenho influências e parceiros musicais brancos, não acho que o Rap deva ser feito apenas por pretos, mas estou cansado de ver esse rap representado apenas por “não pretos”.
Desde que o mundo é mundo a indústria se apropria dos gêneros musicais criados pelos pretos e os embranquecem. Assim foi, e é, com o rock, com o samba com o funk, etc. Os maiores ícones do rock mundial são Elvis Presley, Beatles. O que falar do rock nacional? Dá pra contar nos dedos de uma mão, Derrick Green, do Sepultura, Clemente, do Inocentes, e Renato Rocha, da Legião Urbana, que por sinal nem foi mencionado no filme “Somos Tão Jovens”, que fala da banda.
Entre os sambistas temos a “madrinha” Beth Carvalho, Clara Nunes, Noel Rosa e Adoniran Barbosa. A nova cara é a do Diogo Nogueira e a do Sambô. A cara do funk foi a do Ademir Lemos e a do Cidinho Cambalhota, num passado recente foi a cara da Kelly Key e da Perla, hoje é a cara da Anita, da Valesca Popozuda e a do latino.
O rap? O rap do Gabriel o Pensador, do Cabal, do Criolo, da Flora Mattos, etc. Sem falar dos “menos pigmentados” de projeção nacional como Emicida, Rashid e Projota. Essa indústria age do mesmo modo que o governo da Bélgica, quando pôs os tutsis “menos pigmentados” no comando de Ruanda, em detrimento dos hutus, os “mais pigmentados”.
Eu não estou questionando a qualidade do trabalho desses artistas, e sim o fato de não termos outros artistas de qualidade igual ou superior em destaque por conta de seus traços ou cor de suas peles. Por mais destaque que um preto venha ter, ele nunca supera o destaque de um branco, ou melhor, “não preto”.